O suicídio é considerado, além de um tabu, um problema de saúde pública, e que registra aumento de vítimas a cada ano. Segundo números oficiais, são 32 brasileiros mortos por dia, taxa superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer. Por ser  um mal silencioso, as pessoas fogem do assunto e, por medo ou desconhecimento, não veem os sinais de que uma pessoa próxima está com ideias suicidas. A esperança é o fato de que, segundo a OMS, nove em cada 10 casos poderiam ser prevenidos. Por esse motivo, a parceria entre a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) com o Centro de Valorização da Vida (CVV), que presta serviço de apoio emocional e prevenção ao suicídio, deu início ao curso de Escutatória para capacitar profissionais da saúde para acolher, identificar e encaminhar pessoas com potencial para o suicídio, e assim ampliar a rede de apoio.

De acordo com a diretora técnica do programa Estratégia de Saúde da Família, Maria Elenir Anselmo, essa qualificação aos profissionais trará maiores benefícios para a comunidade.

Segundo Maria Elenir, este curso de qualificação será direcionado, primeiramente, aos agentes comunitários de saúde e alguns agendes de endemias, que são os profissionais que vão até as residências de pessoas da comunidade. Conforme ela, o objetivo é de que as demais categorias da saúde também passem por essa capacitação, que também abrange a prevenção às tentativas de suicídio.
Em oito encontros, serão capacitados 170 agentes comunitários de saúde, 55 trabalhadores da Vigilância Ambiental e 40 visitadores do programa Primeira Infância Melhor (PIM). A primeira turma, com 29 pessoas, reuniu-se na última semana. Os demais encontros estão agendados para os dias 23, 26 e 27 de junho e 3, 4 e 10 de julho, sempre a partir das 13h30, no auditório do Núcleo de Educação Permanente em Saúde (Neps), junto à SMS.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), houve aumento de até 60% no número de suicídios nos últimos 45 anos em todo o mundo, representando a terceira maior causa de morte na faixa etária entre 15 e 35 anos em ambos os sexos.
No Brasil, observou-se um aumento no índice de suicídio de 43,8%, nesse mesmo período. Os números passaram de 3,2 para 4,6 casos a cada 100 mil pessoas. Já o Rio Grande do Sul possui uma taxa de 9,9 a cada 100 mil habitantes, comparável aos países com altos índices. A cada ano há cerca de um milhão de mortes por suicídio no mundo, o que representa uma morte a cada 40 segundos.