Ela é tão importante que tem até data celebrativa: 16 de outubro. No entanto, as pessoas tendem a não se preocupar com ela até sentir alguma dor.  As dores lombares são a principal causa de incapacidade no mundo e respondem por um terço dos casos de invalidez provocados pelo trabalho, revelam estudos. Com estatísticas de 187 países, pesquisadores americanos e australianos determinaram que a lombalgia afeta 9,4% da população mundial. No Brasil, dados do IBGE apontam que as dorsopatias (doenças nas costas), são a terceira maior causa de aposentadoria e a segunda no ranking das principais causas de licença ao trabalho.

Os agricultores integram o maior grupo de risco, na medida que transportam cargas mais pesadas, trabalham em posições desconfortáveis para a coluna ou estão expostos a vibrações. Eles têm quatro vezes mais risco de sofrer problemas lombares que as pessoas que trabalham em outros setores.

Mais do que alicerce, a coluna vertebral une as estruturas do corpo. Tamanha importância tem um preço: uma vez negligenciada, ela tende a adoecer de tal forma que pode levar à incapacitação. "A nossa coluna começa a sofrer processos degenerativos a partir da segunda década da vida, devido à necessidade de compartilhar duas funções mecânicas antagônicas: sustentar o peso do tronco e ao mesmo tempo ser flexível", explica o ortopedista Pil Sun Choi. Segundo o médico, os principais vilões da saúde da coluna são o estresse, o sedentarismo e a má postura.

Choi afirma que durante uma situação de tensão, há grande liberação de substâncias excitatórias e inibitórias na circulação sanguínea, para maximizar a defesa e a fuga. Essa mobilização reduz a circulação em estruturas como a coluna, prejudicando a resistência e a capacidade de regeneração. "Pessoas em situação de constante estresse tendem a apresentar dores articulares, na coluna e nos músculos. Em 25% dos casos a causa única da dor na coluna é o estresse", esclarece o ortopedista.

Sedentarismo

Choi explica que o sedentarismo interfere no metabolismo do disco intervertebral, que precisa de movimento para manter o equilíbrio das células. “A coluna é desenhada para possibilitar o movimento. Na ausência deste, a tendência é a acomodação. E acomodação, nesse caso, significa dor”, afirma. Toda atividade física é bem-vinda, mas algumas trazem resultado melhor para a coluna: natação, dança, musculação, ioga e pilates são algumas.

Vícios posturais podem facilitar a ocorrência de deformidades, como hérnia de disco, escoliose, artrose. A dica do ortopedista é se policiar na hora de sentar, dormir e caminhar. “Com o tempo, a postura adequada virará um hábito”, diz.

Para dormir, ele orienta dar preferência à posição de lado, já que nesse caso a coluna fica alinhada, e usar o travesseiro na altura adequada (suficiente para preencher o espaço entre o ombro e a cabeça). Ao sentar, a postura ideal é aquela que mantém um suave “S” na coluna.

O calçado errado, usado constantemente, também pode prejudicar a coluna. Choi recomenda evitar saltos muito altos, usados por longo período, e os calçados rasteiros. Ideal são três centímetros de salto. O peso das bolsas não deve ultrapassar 10% do peso corporal. As melhores para a coluna são as mochilas, que distribuem o peso.