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Subsídios exegéticos para o 33º Domingo do Tempo Comum

por João Carlos Romanini

Ano A domingo 15 de novembro 2020

Foto: Divulgação

Dia: 15.11.2020

33º Domingo do Tempo Comum.

Evangelho: Mateus 25,14-30

Primeira Leitura: Pr 31,10-13.19-20.30-31

Segunda Leitura: 1Ts 5,1-6

Salmo: Sl 127,1-2.3.4-5 (R. 1a)

 

Evangelho

Esta parte do Evangelho de Mateus (23,37-25,30) reúne sua visão sobre o futuro de Jesus, de seu povo e do mundo. A Parábola dos Talentos traz como pano de fundo uma visão econômica que quer refletir o sentido da proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, em um mundo desigual, hostil e marcado pela perseguição e a violência.

O texto

O texto pode ser dividido em quatro partes: a) o “homem” que vai viajar e distribui os “talentos” entre seus servos (v. 14-15); b) o uso diverso dos talentos (v. 16-18); c) a prestação de contas (v.19-27); d) o ensinamento (v.28-30).

No entanto, se considerarmos que é sabedoria judaica, o ensinamento não estaria no final, mas, no centro. O v.14 apresenta o viajante como “homem” (antrópos) que tem “servos” (doulos). No entanto, a partir do v.18 começa a ser usado o termo “senhor” (kurios/Kurié, cf. v.19.21.22.23.24.26), para se referir a quem repartiu os talentos. Isso destaca as três últimas partes em relação à primeira.

Entendendo assim, o centro desta parábola estaria nos versículos 19 a 27, onde aparece o refrão: “Bem, servo bom e confiável (pisté), sobre o pouco foste de confiança (pistós), sobre muito tu serás colocado. Entra na alegria do teu Senhor” (v. 21 e 23). A introdução serve para reconhecer que diferentes pessoas têm diferentes capacidades, portanto, a parábola não trata de uma competição entre “servos”, mas de um reconhecimento igual da dignidade de todas as pessoas (v.15; elemento ausente na versão de Lucas; cf. 19,12s). No centro, enfatiza-se a confiabilidade no “pouco”, pois os 5, 2 ou 1 talentos sempre são “pouco”. Este é um Senhor cuja fé e missão se vive no “pouco”. O “muito” se dá quando o servo vive na alegria da presença do seu Senhor (este é o princípio a ser aprendido). Finalmente, se “condena” (sapiencialmente) quem sucumbiu ao medo! (v.28-30).

A comunidade de Mateus sabia o que era ter medo da perseguição e da traição (cf. Mt 10,28). Assumir o princípio da fidelidade não tem a ver com “mérito”, mas com viver a fé como força capaz de superar o medo. O Evangelho adverte, em sua visão futura, que as pessoas com medo de Deus ou da realidade hostil, não teriam a capacidade de construir um futuro de “alegria” e, portanto, só lhes restaria um futuro de dor e tristeza.

Relacionando com os outros textos

Provérbios 31 apesenta os ditos sobre a “mulher virtuosa” (Pr 31,10), ensinados por uma mãe para o seu filho (Pr 31,1-2). Aqui se apresenta uma mulher da classe dominante que, embora, “submissa” à autoridade do seu “marido” (v.11.23.28-29), é capaz de administrar a “casa” (v.15.21) e praticar a solidariedade com as pessoas pobres (v.20). Lido a partir das mulheres submetidas pelo patriarcado, convida a acreditar na capacidade de se libertar. Mas enaltece ainda mais a luta das mulheres pobres (muitas vezes sozinhas) sendo fiéis no pouco e dando a vida por filhas e filhos. Em 1 Tessalonicenses encontramos a ênfase no futuro iminente da “parusia”, o que, à luz do Evangelho, nos chama à vigilância no pouco, para garantir um futuro em que o muito seja para todas as pessoas.

 

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da ESTEF

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

Edição: Prof. Dr. Vanildo Luiz Zugno

 

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