Após três horas de debate polêmico, vereadores aprovam Plano Municipal de Educação em Caxias do Sul
Foto: Luiz Carlos Erbes /Divulgação
O público presente no plenário da Câmara nesta quarta-feira (17) assistiu a discursos sobre ideologia de gênero enquanto o Plano Municipal de Educação, com diretrizes até 2024, seria debatido pelos parlamentares. A sessão que aprovou o projeto foi marcada pelo descontentamento dos vereadores Daniel Guerra e Renato Nunes (PRB).
Um pedido de adiamento da votação, feito por Guerra, foi derrubado em meio aos pronunciamentos acirrados sobre a questão de gênero significar, ou não, a destruição da família. Professores da rede municipal e representantes do segmento LGBT acompanharam três horas de discussões até a aprovação acontecer, às 20h45.
O problema da bancada republicana é o trecho do Plano em que o preconceito é citado. No texto, uma das metas seria implantar políticas de prevenção à evasão escolar originada por preconceito racial, sexual e de gênero. Guerra afirmou que a ideologia de gênero é uma nova técnica para destruição da família como instituição. “O grande objetivo por trás de todo esse absurdo é a pulverização da família com a finalidade de estabelecer o caos. Querem expor nossas crianças!”.
O assunto foi motivo de desentendimentos sobre a real motivação ser religiosa já que o Estado é laico. O presidente da comissão de educação, Zoraido Silva (PTB), afirmou que se atrevia a dizer que autoridades religiosas não estariam bem informadas sobre o conteúdo do Plano. O petebista explicou que ideologia de gênero se quer é citada. “Respeitando, não há imposição de ideologia porque tem o respeito!”, disse ao ler o trecho.
A vereadora Denise Pessôa (PT) lamentou o rumo do debate e disse que todos são filhos de Deus já que alguns recorrem a conceitos cristãos para discutir o assunto. Para ela, o que está em jogo é o respeito à diversidade no ambiente escolar. Segundo a vereadora, o Brasil está em 1º lugar no ranking de países que apresentam violência à população LGBT. “Se fala de tudo, mas não pode falar de gênero e diversidade? Isso sim é uma opressão! A família é só daqueles dois pais que por uma ocasião tiveram o filho e abandonaram? Aquele é o modelo? Eu defendo a família de todas as formas”, disse.
O Conselho Municipal de Educação enviou carta aos diretores de escola para explicar que a constituição federal cita que as leis são para todos, independente de gênero, raça, cor ou credo. Para a reportagem, Guerra afirmou que a aprovação do projeto deixa brechas para ingresso judicial. O Plano Municipal de Educação foi aprovado por maioria com votos contrários de Guerra e Nunes e ausência de Virgili Costa (PDT).
Comentários