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Vereadores denunciam descalabro e risco de desastre ambiental na coleta de lixo em Caxias

por Ivan Sgarabotto

Estação de Transbordo da Codeca vive situação de caos relatam parlamentares

Resíduos de 15 dias que deveriam ter sido transportados para o Rincão das Flores estão depositados a céu aberto na estação de transbordo da Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) nas proximidades do bairro Cidade Nova, colocando em risco a saúde pública e abrindo a possibilidade de um desastre ambiental em caso de chuva. A denúncia, comprovada com fotos, em visita realizada nesta quarta-feira, 13, por vereadores integrantes das comissões Saúde e Meio Ambiente e de Legislação e Participação Comunitária, foi exposta em plenário por Adiló Didomênico/PTB no espaço das declarações de líder, na sessão ordinária desta quinta-feira, 14.

A visita à estação de transbordo, local onde é transferido o lixo recolhido pelos caminhões de coleta mecanizada para carretas que transportam o lixo ao Aterro do Rincão das Flores, foi acompanhada pelos vereadores Renato Oliveira/PCdoB, Gustavo Toigo/PDT, Gladis Frizzo/PMDB, além de Adiló. A situação encontrada pela comitiva, segundo Adiló, foi de completo descalabro. Embora a legislação exija licença especial para a estação de transbordo, que a área seja coberta, piso impermeável e uma série de outros requisitos como a destinação do chorume, o equivalente a 80 caminhões de resíduos, resultado de 15 dias de coleta, estão depositados a céu aberto no local. Além do mau cheiro, no local proliferaram mosquitos e, com chuva, a área é passível de um grande desastre ambiental, incluindo fogo, ameaçando as comunidades próximas.

Para o petebista há risco de duras sanções e multas à administração, por puro desleixo dos gestores em relação ao lixo. Surpreendeu a comitiva, a falta de fiscalização da SEMMA, outrora muito diligente na sua atuação. Não bastasse o descaso, a verificação apontou falta de equipamentos de proteção individual (EPI) para os funcionários, os vereadores notaram a redução de carretas de transporte para o aterro - eram necessárias três - entre outras coisas por falta de manutenção. Para Adiló, tão grande quanto o abalo na imagem da empresa é perceber que há um esforço para desmontar a CODECA e terceirizar os serviços de coleta e destinação de lixo em Caxias do Sul.

Para o líder do PCdoB, Renato Oliveira se não fosse o registro fotográfico mostrado no plenário, ninguém acreditaria. Ele relatou que havia sido procurado por moradores do bairro Cidade Nova reclamando do mau cheiro, mosquitos e aves em função do acúmulo de aproximadamente 4.500 m3 de lixo.n E continuam chegando caminhões que não tem onde levar o resíduo. Caminhões estão parados no pátio, carregados mas com dois pneus furados.

Em aparte o vereador Alberto Meneguzzi/PSB lembrou dos cuidados que as outras administrações, desde a gestão Pepe Vargas, sempre tiveram com o lixo. Manifestou seu temor diante da possibilidade do município responder por uma multa ambiental elevada. A vereadora Gladis Frizzo/PMDB agregou à análise seu espanto com a tranquilidade com que a presidente da Codeca recebe as denúncias contra a administração, lembrando a demissão de funcionária que sofreu assédio moral.  Suspeita que mais uma vez o assunto trazido ao plenário seja considerado igualmente normal.   

O vereador Gustavo Toigo/PDT, no seu aparte, alertou para os danos ambientais, riscos à saúde, e problemas de saneamento na estação de transbordo e sugeriu urgente encaminhamento pelas comissões. Sua fala foi apoiada pela vereadora Paula Ioris/PSDB entendendo que há necessidade de pedir informações a SEMMA.

O pronunciamento do vereador Rafael Bueno/PDT classificou como crime ambiental o assunto trazido à Câmara, lembrando que a Codeca foi referência nacional em limpeza pública com sua coleta mecanizada, virando assunto da mídia do centro do País. O parlamentar propôs encaminhar o assunto com urgência ao Ministério Público, face à gravidade da situação e o risco ambiental eminente, especialmente se chover.

Em apartes os vereadores Ricardo Daneluz/PDT, Adiló Didomênico/PTB e Renato Oliveira/PCdoB suplementaram a fala de Bueno. O primeiro considerou paradoxal a falta de fiscalização quanto à estação de transbordo e a pressão que os agentes da Secretaria da Agricultura (Smapa) tem exercido contra produtores rurais. Renato entende que o município deve contratar emergencialmente prestador de serviço para corrigir o caos percebido pelos vereadores.

O líder do PMDB, vereador Paulo Périco, considerou inadmissível a administração permitir que a situação da coleta de lixo alcance o estágio mostrado na sessão. E alertou para as desculpas que certamente vão surgir, junto com a reação das redes sociais, a cujos integrantes desafiou a virem debater o tema frente a frente. Questionou as razões pelas quais a SEMMA não tem autuado o próprio município, apontando que o descalabro na estação de transbordo caracteriza também improbidade administrativa.

Périco entende que com as condições criadas, o lixo pode se transformar numa arma química a ser detonada com a possibilidade de chuva. Pediu eficiência aos gestores, independente de partido. Também adiantou que a bancada do PMDB apoia documento que a Câmara possa enviar ao MP, acionando a Fepam, a Patrulha Ambiental e todos os órgãos de controle ambiental.

Na última intervenção que fez, Adiló disse que não tem outra explicação para o que vem acontecendo, com o desmonte das operações da Codeca que não como tentativa de terceirizar a coleta do lixo. Para ele, a máfia do lixo tem enorme interesse neste serviço, razão pela qual desgastar a imagem da Codeca junto à opinião pública, parece ser o objetivo da administração.

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