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Cezar Bagatini: do esporte ao social

por Jeferson Ageitos

Goleiro faz parte da história da SER Caxias. Hoje, é voluntário em uma Paróquia de Caxias do Sul

Foto: Jeferson Ageitos

1968. Cezar Bagatini entra em campo como jogador profissional pela primeira vez. As cores rubro-negras do Grêmio Esportivo Flamengo são novidade para o adolescente de 16 anos que acaba de mudar da cidade natal, Encantado (RS), para Caxias do Sul. Ele percebe que pode fazer história debaixo das traves. E Faz!

“Nós (jogadores da época) acompanhamos toda a evolução do futebol de Caxias do Sul”, afirma.

Em 1971, Bagatini vê o time fundir-se com o rival, Juventude. Estava criada a Associação Caxias do Sul de Futebol. Ele segue na equipe e, em 1975, o clube assume o nome de Sociedade Esportiva e Recreativa Caxias do Sul (S.E.R. Caxias). Três anos depois, a equipe disputa o Campeonato Brasileiro pela primeira vez. 72 clubes na disputa e o time da Serra Gaúcha termina na 11ª posição. Uma façanha! Bagatini é o goleiro.

“Não existe o ídolo sem o torcedor. Por isso que eu sempre considerei e sempre tratei bem o torcedor porque é ele quem faz o ídolo. As pessoas mais novas não lembram, mas dizem: ‘meu pai comentava de ti’. A gente fica feliz quando ouve um comentário desses”, diz.

Em 1978, ele troca o interior pela capital. O contrato com o Inter de Porto Alegre registra a maior quantia paga por um goleiro, até então. Bagatini passa ainda pelos times do Vitória da Bahia (foi campeão baiano de 1980), Coritiba, Sport Recife (conquistou o título pernambucano, em 1982) e Brasil de Pelotas, último clube pelo qual atua.

Antes mesmo da aposentadoria dos campos, Bagatini ingressa no curso de Engenharia. Na Universidade, passa a olhar o esporte de um jeito diferente. Distância, velocidade, força. Os cálculos ajudam a melhorar a prática esportiva.

Claro que hoje, aos 66 anos, o ex-goleiro afirma que a vida é muito mais que números e títulos. Ele é o homem simples que faz questão de resolver os problemas técnicos e de estrutura da casa com as próprias mãos. “Professor Pardal” é um dos apelidos. Fez uma boneca para a primeira filha, Daniele.

Devoto de Nossa Senhora do Caravaggio e de Santo Antônio, Bagatini participa dos eventos da comunidade de uma igreja católica, em Caxias do Sul, cidade que escolheu para viver. Cozinheiro de mão cheia. De uma só vez consegue preparar 600kg de mondongo ou 150kg feijão. Porque, para ele, a vida vai além das quatro linhas do campo de futebol.

“A minha preocupação era criar um ponto para que os moradores saíssem de casa e tivessem um ponto (de encontro) para que essas pessoas saíssem de casa. Esse objetivo nós atingimos: as pessoas que ficavam em casa, hoje, participam dos eventos, da missa. Ninguém consegue viver sozinho. Todo mundo tem de fazer um trabalho solidário. Se o mundo fosse mais solidário, eu acredito que seria melhor para todos”, destaca.

Clique no podcast ao lado e conheça outras histórias de Cezar Bagatini, um dos maiores goleiros brasileiros da história.

 

 

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