Artigo: O mundo da aproximação, por Francisco Turra
Marauese preside a Associação Brasileira de Proteína Animal
Foto: Divulgação/ABPA
A vida me deu o privilégio de conhecer o mundo. Durante minha trajetória como prefeito, deputado e ministro da Agricultura, tive as primeiras oportunidades. Agora, depois de anos dedicados exclusivamente à iniciativa privada, numa área voltada às exportações, fiz uma imersão ainda maior no ambiente dos negócios e na cultura de todos os continentes – suas maravilhas e seus desafios.
Os conflitos existem dentro de qualquer país, bem como nas relações de uns com os outros. É como na vida da gente: não é fácil equilibrar as vontades pessoais com as familiares e sociais. Mas, num ou noutro caso, não há saída que não pelo diálogo, transparência, aceitação do próximo e abertura para a mudança. E não há pior caminho do que o radicalismo, tenha ele qualquer vertente.
Noto, infelizmente, uma espécie de doença social nesse sentido. Nossa civilização, do Oriente ao Ocidente, vive um perigoso momento de exacerbação de emoções. Os discursos extremados e as posturas histriônicas geram, em efeito cascata na economia, dificuldades extras para o fluxo de negócios. Afinal, os países não têm amigos; têm interesses.
Trata-se de uma dicotomia: na era da tecnologia e da inovação, estamos trocando a aproximação pela segregação. Ao invés de abrir-se, o mundo exercita o fechamento. Claro que é virtuoso ter posição e valores inegociáveis; mas é vicioso fomentar a intolerância e o preconceito. A esquerda brasileira fez a maior semeadura nessa lavoura de inço; agora, ao provar do próprio mal, em vez de autocrítica, faz cena de surpresa. Mas segue disseminando rancor, desta vez retroalimentado por extremistas de outra banda.
Não creio, sinceramente, que esse seja um bom modelo. Para ninguém. Precisamos recuperar a temperança, a capacidade de diálogo e a competência para construir pontes. Não porque essa postura seja mais cômoda e politicamente correta, mas porque é mais portadora de futuro. Gera desenvolvimento, produz a paz e traz dividendos. Essa é a identidade do Brasil, nosso caminho mais fértil e rápido para o Primeiro Mundo.
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