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Loraine Slomp Giron: "com a faca na bota"

por Jeferson Ageitos

Professora encarou a censura e a repressão, durante a ditadura, e diz que não tem medo de expor opiniões

Foto: Jeferson Ageitos

Desde criança, questionadora. Quem disse que não poderia ser padre ou Rainha da Inglaterra?! Eram os grandes sonhos de infância que Loraine Slomp Giron alimentava ainda em Forqueta, distrito de Caxias do Sul onde nasceu e viveu os primeiros anos de inquietação.

Aos quatro anos, espantou a irmã, de seis, ao mostrar que a brincadeira de bonecas podia ser bem séria. “Eu sou parte da casa e vou trabalhar. Eu posso trabalhar”, disse ela, ao encarar a primogênita, que tentava comandar. A família queria saber de onde tinha saído aquele ser tão crítico. Loraine diz que nasceu crítica.

“Quem nasce assim numa família conservadora como a minha provoca um espanto geral. Eu nasci com a faca na bota. Eu sou uma pessoa muito forte! Eu não tenho medo de nada. Essa qualidade que não é minha, nasceu comigo, fez com que eu enfrentasse coisas horripilantes que as outras pessoas não teriam coragem. Eu assisti alunos meus com gravador na janela querendo me pegar mentindo, enganando. Isso nunca me preocupou porque eu sabia que estava falando a verdade. E quem fala a verdade não precisa ter medo”.

A professora Loraine encarou a censura e a repressão, na época da ditadura militar. Considerada subversiva, foi expulsa de uma escola pública de Caxias do Sul. Respondeu dizendo que é impossível viver sem democracia e sem liberdade. “Eu sabia que tinha que fazer algumas coisas e eu não consegui escapar delas. Eu sempre fiz História Crítica e ela nem sempre é bem aceita porque as pessoas adoram mitos, fingir que tudo é bom e tá certo”.

Prestes a completar 82 anos, parece fazer questão de manter o espírito crítico e a acidez que a tornaram uma das maiores professoras e pesquisadoras da Serra Gaúcha. Loraine foi a entrevistada desse sábado (08) no programa Conectado Perfil.

Ouça a entrevista completa no podcast ao lado e descubra porque Loraine “ama odiar” Caxias do Sul, cidade que “perdeu o rumo” porque, segundo ela, “desejou ser o que não é”.

 

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