“Um dia abençoado”. É com essa frase que, diariamente, o padre Renato Ariotti nos dá o seu bom dia, com a tradicional “Oração da Esperança”, há 22 anos no ar na Tua Rádio São Francisco. Muitos ouvintes dizem que só saem de casa após ouvir a benção do padre Renato, que sempre transmite mensagens de paz e esperança.

Natural de Bento Gonçalves, padre Renato – também conhecido como “irmãozinho” – quando criança tinha três sonhos. “Eu queria ser motorista de caminhão, porque meu tio tinha um caminhão. Depois queria ser médico, porque eu achava que os médicos não ficavam doentes, e, por fim, queria ser padre, porque achava que os padres não morriam (risos). Minha família sempre foi religiosa e participava da comunidade. Em Bento, tinha o padre Oscar Bertoldo, um poeta. Isso também me aproximava, eu gostava do jeito dele celebrar as missas. Outros padres que me motivaram muito foram Ludovico Koslovski, Raul Acorssi, e, também, Frei Renato Zanolla”.

O jovem Renato, com seus 15 anos, saiu de Bento Gonçalves e partiu rumo à Caxias do Sul. Se estabeleceu no Seminário Aparecida e depois estudou Filosofia, na Universidade de Caxias do Sul (UCS). Em Porto Alegre, padre Renato estudou Teologia. “Comecei a atuar em Caxias em 1990. Trabalhei no Santuário de Caravaggio por quatro anos, e também em Cazuza Ferreira, também por quatro anos”, conta.

Padre Renato Ariotti foi ordenado sacerdote pelo bispo Dom Paulo Moretto em 1986. Em três décadas de atuação, o religioso destaca a devoção e o carinho das comunidades pelas quais passou. Ao longo dos 32 anos de ordenação, padre Renato Ariotti conquistou fiéis e, principalmente, amigos. Há dez anos, sendo oito como pároco, padre Renato está na Paróquia Santa Catarina, que abrange 11 comunidades. “Eu me sinto muito feliz em estar atuando nestas comunidades”.

Carlos Miguel: a adoção dos cães Scooby e Preta

O dia 21 de setembro de 2012 ficou marcado na memória da comunidade caxiense. Naquele dia, adolescentes jogaram gasolina sobre o casebre do papeleiro Carlos Miguel dos Santos, 45 anos, enquanto ele dormia. Miguel teve 85% do corpo queimado e morreu dois dias depois.

Os dois cachorros de Carlos Miguel foram adotados pelo padre Renato Ariotti, que tinha realizado o sepultamento de Miguel. “Foi o padre Diego que me deu a ideia de adotar o Scooby e a Preta. Peguei os cães, mas também a carrocinha, porque cachorro é fiel ao dono”, conta padre Renato. “Este gesto não ficou só nos cachorrinhos ou na carrocinha, este gesto me aproximou dos papeleiros, dos reciclados, dos agentes da natureza”.

Um ano após a morte trágica de Carlos Miguel dos Santos, padre Renato lançou um livro em homenagem ao papeleiro. O livro, destinado também à leitura juvenil, é contado em forma de fotonovela.

O “gaiteiro” Renato

Quando padre Renato completou 15 anos de ordenação sacerdotal, a comunidade do bairro Panazzolo lhe deu um acordeon de presente. Foi em Cazuza Ferreira, com Seu Nenê Ferrazzo, que o padre Renato aprendeu a tocar gaita. “De vez em quando, nas comunidades, em alguns momentos, em alguma celebração especial, nós cantamos uma música através do acordeon. É uma maneira de aproximar através da canção”.

Foi através da relação com a gaita que o padre Renato foi inspiração para muitos jovens. “Eu fico feliz porque tem três pessoas que se inspiraram em mim a tocar gaita. O Gabriel Scharemberg, ale´m de ser um ótimo gaiteiro, é professor; outro menino é o Matheus, da comunidade do Jardim Itália; e outra menina é Poliana, que está aprendendo a tocar acordeon. Eu fico feliz de ser inspiração pra estes jovens”, revela Ariotti.

“Quem quer alguma coisa, arruma um jeito. Quem não quer fazer nada, arruma uma desculpa. Que a gente sempre possa arrumar um jeito para fazer o bem, viver com esperança, e nunca desaminar”, finaliza padre Renato.

Ouça a entrevista completa nos podcasts e conheça mais histórias do padre Renato Ariotti:  PARTE 1 | PARTE 2 | PARTE 3