O aumento da taxa básica de juro e o reflexo no contexto local
Este foi o tema de Rodrigo Ferneda no comentário desta semana
A taxa básica de juros, conhecida como a Selic, apresenta elevação em momentos de dificuldade de acesso ao crédito, desemprego, endividamento das famílias, situação esta, que nos deparamos atualmente. Com uma taxa mais alta de juros, o Banco Central tem poderes de controlar o crédito e o consumo, com o objetivo de segurar a inflação. Por outro lado, ao tornar o crédito e o investimento mais caros, os juros aumentam e prejudicam o desempenho das atividades econômicas e também, impacta na geração de empregos, como por exemplo, é o caso do setor do comércio e da indústria de transformação aqui no município, com base no Ministério do Trabalho e Emprego.
Em um período de resseção como o atual, uma das possibilidades na gestão do Banco Central, para conter a inflação, seria necessária atuar em parceria com a política monetária - alta dos juros e com a política fiscal - controle de gastos públicos. Se a política fiscal não for devidamente realizada, fica uma força contraditória com a política monetária, e vice-versa. Uma das consequências básicas do aumento da taxa básica aumentam as demais taxas, como por exemplo, o cheque especial, crédito pessoal, cartão de crédito, o que de certa forma interfere diretamente no consumo das famílias e na atividade economia das empresas.
Nesse sentido, é possível perceber que aumentar os juros diante de uma recessão econômica, provoca efeitos maiores, pois aumenta o risco de endividamento, tanto de empresas como do consumidor devido à redução da renda do poder de compra, redução de investimentos, que consequentemente gera retração da atividade econômica dos setores na economia. A expectativa é saber como se comportará o cenário no ano de 2015, visto que ainda alguns setores como a construção civil e do agronegócio estão mantendo a economia devido à participação do poder público em interferir na oferta de financiamentos e em complemento existir demanda suficiente do consumidor movimentando assim o mercado.
No cenário local, diante do aumento das taxas de juros, penaliza principalmente às micro e pequenas empresas que empregam 45% da mão de obra do município conforme o Ministério do Trabalho, num total 1.177 estabelecimentos. Destas 424 empresas enquadram-se como comércio varejista e 171 indústrias de transformação, sendo estas os setores que mais apresentaram demissões no primeiro semestre de 2015 – Ministério do Trabalho - . Desconsidera-se nessa análise a indústria da construção civil, a qual apresenta saldo positivo até o momento em número de empregos, porém, não se isenta de uma futura banalização das altas das taxas de juro.
Com o aumento dos juros, estas micros e pequenas empresas tomam empréstimos com valores mais altos e com prazo mais curto – capital de giro, desconto de cheques, etc - pois as mesmas apresentam vantagens financeiras limitadas em relação às empresas de grande porte. Destaca-se a importância que o aumento das taxas de juro não é repassado ao preço, mas sim para a margem de lucro final. Outro ponto que a taxa Selic reflete é na redução de lucro devido à inadimplência, e como citado em outros comentários que a economia é cíclica, as empresas que sofrem impacto da inadimplência dos clientes, podem gerar calote para outras empresas fornecedoras, interferindo nos resultados de toda a cadeia produtiva.
Outra preocupação é o encerramento das atividades dessas empresas, o que de certa forma retrai o crescimento do município, bem como do Estado e Nação, e principalmente, compromete a vida de muitas famílias que dependem do trabalho, para o auto sustento, gerando um grave problema social no futuro nessa circunstância que não apresenta sinais de melhoria em curto prazo.
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