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Guaporé registra números negativos no mercado de trabalho

por Eduardo Cover Godinho

No saldo de admissões e desligamentos foram encerrados 27 vínculos de trabalho ao longo do primeiro semestre

Guaporé é uma cidade com grande oferta de empregos. Uma das principais características de nossa indústria é o empreendedorismo, ampliando oportunidades e constantemente abrindo novas vagas. Quando se fala em emprego, o maior problema apontado pelos empregadores é a falta de mão de obra qualificada. Por isso, às vezes sobram postos de trabalho, e faltam colaboradores. Mas será que em época de crise, de aumento de desemprego, esta característica se mantém?

O Observatório do Trabalho, um dos Núcleos de Inovação e Desenvolvimento da Universidade de Caxias do Sul (UCS), divulgou a Carta Mensal do Mercado de Trabalho Formal de Guaporé do mês de junho e o balanço do primeiro semestre de 2015. Os números nos seis primeiros meses do ano preocupam. O saldo acumulado entre admissão e desligamento é de 27 vínculos encerrados. Nesse mesmo período os setores de Serviços e da Indústria de Transformação fecharam 21 postos de trabalho cada um. 18 empregados, no saldo geral, não estão mais com carteira assinada na Construção Civil. Na análise dos dados só do mês de junho, foram fechados 11 postos de trabalho em Guaporé. No período, os setores da Indústria de Transformação e Construção Civil fecharam 24 e 15 postos de trabalho, respectivamente.

Para a Coordenadora do Observatório do Trabalho, professora Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, os indicadores de Guaporé, apesar de ser uma cidade pujante e com jovens empreendedores, refletem o que está acontecendo o Brasil e no Rio Grande do Sul. O desemprego é crescente e preocupa a todos.

“Não é uma tendência muito boa, ou seja, está havendo fechamento de postos de trabalho mais do que a abertura de novos vínculos. O fato se verifica quando analisamos os dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) e as atividades econômicas que encerraram mais vínculos do que contrataram. Os únicos setores positivos foram do Comércio e Agropecuária. Em contrapartida, os números da Construção Civil e Serviços preocupam. É bom lembrar que os dados correspondem a situação do emprego formal, aqueles que estão com carteira assinada”, destacou.

Segundo Lodonha, a crise chegou. Isso porque as taxas de juros e a inflação estão elevadas, gerando uma maior preocupação na população. A previsão é que o ano de 2015 seja de recessão e os números negativos no mercado de trabalho continuem.

“As pessoas estão ficando mais cautelosas ao fazer qualquer tipo de consumo e isso reflete, principalmente, no número de empregos gerados. Os empresários ficam com receio de investir, as pessoas ficam cautelosas para consumir e isso reflete diretamente no mercado de trabalho. A perspectiva é que tenhamos mais desligamentos do que admissões no segundo semestre em Guaporé. As pessoas estão com medo. Quem está empregado guarda suas reservas caso ocorra algum contratempo e quem não está com carteira assinada procura incessantemente. A região da Serra, inclusive Guaporé, é próspera e o meu medo é que o setor de comércio apresente números negativos”, disse.

Os números do mercado de trabalho devem voltar a ficar positivos somente no segundo semestre de 2016.

 

Divulgação

O balanço do emprego formal da região da Serra Gaúcha é divulgado pelo Observatório do Trabalho – um dos Núcleos de Inovação e Desenvolvimento da Universidade de Caxias do Sul. A carta do mercado formal de trabalho de Guaporé apresenta à comunidade dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego. Nesta Carta, seguindo a definição usada pelo sistema RAIS/CAGED, são usados os termos Admitidos: início de vínculo empregatício por motivo de primeiro emprego, reemprego, início de contrato por prazo determinado, reintegração ou transferência; Desligados: fim de vínculo por motivo de dispensa com justa causa, dispensa sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, aposentadoria, morte, ou transferência. Saldo: Diferença entre Admitidos e Desligados. O saldo positivo indica a criação de novos postos de trabalho enquanto o saldo negativo indica a extinção de postos de trabalho.

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