Museóloga diz que descaso impede sustentabilidade institucional dos museus
Incêndio no Museu Nacional ainda repercute em todo o país
A museologia, bem como outras tantas áreas do conhecimento científico vivem um momento de grande tristeza por conta do incêndio que destruiu o Museu Nacional. Em meio às chamas que consumiram o acervo da instituição bicentenária, também incendiava a esperança de quem sempre lutou para manter abertas as portas do local, que já foi residência da Família Real no Brasil.
Não à toa, o incêndio reabriu discussões sobre a importância dos museus, bem como os cada vez mais escassos investimentos que determinam uma realidade ameaçadora para a cultura, a arte e a ciência, de uma forma geral. Cerca de 20 milhões de itens virou cinza.
O Museu Nacional está ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro e compete à Polícia Federal, agora, investigar as causas do ocorrido. Mas há quem afirme que trata-se de uma tragédia anunciada. Pesquisadores e funcionários diziam que, cedo ou tarde, essa perda se tornaria inevitável. Há anos o Museu passava por dificuldades financeiras geradas por recorrentes cortes orçamentários.
“Entra governo sai governo e não são tomadas as medidas que possibilitam uma sustentabilidade institucional dos museus”, diz a museóloga, Mariana Boujadi, do Museu de Artes Visuais Ruth Schneider e Museu Regional de Passo Fundo, ambos vinculados à Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade de Passo Fundo. “Não deveria ser necessário que um museu pegue fogo para que as pessoas percebam a importância dessas instituições para o país, seja em pequenas cidades ou grandes centros”, complementa a museóloga.
Em entrevista a Tua Rádio Alvorada – acompanhe no player de áudio - a museóloga disse que o descaso impõe a desvalorização sistêmica da cultura no país, não apenas de museus. Somado à indiferença das pessoas que, nem sempre, reconhecem o importante papel da arte e da ciência na vida humana, torna-se difícil colocar estas instituições nos primeiros lugares da fila de projetos a serem incentivados. “Se as pessoas compreendessem que o museu são da população, se apropriassem disso. Se as pessoas usassem mais os museus, visitassem mais os museus. Isso também ajudaria para que o governo se interessasse mais em direcionar investimentos a estas instituições”, destaca Mariana.
De acordo com levantamento realizado pela imprensa nacional, em 2013, o museu recebeu R$ 979,9 mil dos orçamento dos ministérios da Educação e da Cultura; em 2017, esse valor foi de R$ 643,5 mil. Os dados são da consultoria de orçamento da Câmara dos Deputados.
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