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Ricos sempre mais ricos

Miguel Debiasi

Apesar da crise econômica os ricos estão sempre mais ricos. Isto mostra que a crise é oportunidade para alguns aumentarem seus ganhos. Do outro lado da moeda, a realidade da maioria da população é pobreza e penúria. Se poucos ganham com a crise e a maioria padece, o sistema é perverso, cruel. Cabe diante desta triste realidade pensar num outro sistema. É tarefa mundial para o bem da humanidade.

Segundo o levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, divulgado na última semana do mês de setembro, o rendimento real dos 10% mais ricos subiu 2,4% nos últimos doze meses. Em contrapartida, os rendimentos reais para quem recebe menos que um salário mínimo caíram cerca de 9% nos últimos doze meses. Também conforme o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) registrou retração de 0,6% no segundo trimestre.

A pesquisa ainda mostrou que a redução nos salários reais foi pior em setores com a menor qualificação e nenhuma das ocupações exercidas com apenas o ensino fundamental apresentou sustentação na renda. Os grupos mais afetados são os jovens até 25 anos, as mulheres e os trabalhadores com ensino médio incompleto. Nos grupos intermediários a queda foi de 3%. O rendimento médio apresentou uma perda de 1,5% em comparação com o trimestre anterior. Somam-se à queda no rendimento as condições do mercado de trabalho que permanecem em ritmo acelerado de deterioração, com a taxa de desemprego passando de 10,9% no primeiro trimestre de 2016 para 11,3% no segundo. Os Estados com menor renda como Maranhão, Ceará, Alagoas e Bahia, todos no Nordeste, além do Pará, na região Norte, são os mais afetados. Em suma, como diz a sabedoria popular, “dinheiro faz dinheiro”.

            A amostragem desses dados não visar condenar os ricos, mas refletir que no atual sistema, com ou sem crise, continuam sendo favorecidos. Contrapor a realidade penosa da maioria da população alimenta a ideia de que é possível outro sistema mais justo. Contudo, outro sistema é possível perante o grito e a mobilização das vozes dos excluídos e marginalizados. Predicar por esperança a quem está fora e não possui a mínima condição de competir sem a utopia de outro sistema mais justo, igualitário e menos excludente é inaceitável. A mudança do sistema é urgente, pois privado de condições de dignidade o homem morre e a sociedade adoece por inteiro. O atual sistema tem privado a maioria da população do acesso ao crescimento, do direito de viver, do básico necessário para a vida. Neste sistema econômico para alguns os cofres estão mais cheios enquanto para muitos as mãos estão sempre mais vazias. Para qualquer cristão e homem de bem isto é inaceitável.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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