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Priorizar a educação

Miguel Debiasi

Frases que fazem a diferença na vida de todos: “Ler nunca é demais”. “É lendo que se aprende”. “A leitura é a arte da aprendizagem”. “É lendo que se recolhe sabedoria”. “A leitura engrandece a alma”. Lembramos de muitos pensamentos sobre a importância da leitura aos quais se teve acesso desde a infância até a maturidade. Nobres motivações nos levaram a descobrir outro mundo por detrás das letras. Na sociedade atual são imprescindíveis livros e professores. Valorizar os dois é garantir outro mundo possível para todos os cidadãos.

Com orientação de alguém capacitado e dedicação, com o tempo aprendemos a ler e escrever. Aprendemos a juntar as letras para formar palavras, compor frases, organizá-las em parágrafos, seguir uma lógica de argumentos. A leitura torna-se uma atividade sistemática na vida. Já habituados a essa atividade cotidiana, ao imaginar-se sem ela tudo parece faltar. Ela harmoniza espírito, mente, coração. Com ela o leitor faz sua vida ganhar humanidade e sacralidade. A leitura é, portanto, muito mais que um hábito sistemático ou periódico. Ler é um ato de vida. Em razão de sua importância, é uma fonte inesgotável de sabedoria, de aprendizagem, de novas descobertas. É prazer que preenche espírito, alma, tempo. Ainda que seja descanso e cansaço ao mesmo tempo é um itinerário sem chegada. Possui a capacidade de aportar o leitor a novos caminhos.

Cientes de que ler transforma indivíduos e, por extensão, a sociedade, é necessário que governantes da esfera municipal, estadual e nacional contemplem a educação como prioridade em seus planos políticos. Porém, destinar o maior orçamento para a educação não significa que seja prioritária em seus projetos de governo. É de convir que na esfera da educação há muitos servidores, estruturas com necessidade de manutenção, contingente de educadores a ser ampliado e atualizado. Servidores, professores e pedagogos com baixos salários e alta carga horária que impossibilita a pesquisa e acesso a livros, seminários, fóruns de debate e de qualificação profissional não podem ser motivados para sua relevante função social de, entre outras coisas, despertar para a leitura. Em contrapartida, é política a ser repudiada a concessão de aumento a categorias que ganham altos salários e recebem muitos benefícios como auxílio-moradia, transporte, viagens, férias, diárias, etc.

Em nosso país a verdadeira mudança se chama educação. Com crianças, jovens e adultos tendo livros nas mãos e professores valorizados com bons salários e tempo razoável para pesquisa, produção e leitura. Com a execução de planos de governo direcionados a tais objetivos pode ser entregue aos educadores a função social do ensino e ter confiança de alcançar outro mundo possível, pois ler é sinônimo de melhor viver.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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