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Papa Francisco: visita às nações (IV)

Miguel Debiasi

As visitas pastorais do Papa Francisco às nações têm por objetivo fortificar os programas de evangelização, promover a cultura religiosa, difundir a doutrina cristã em favor do bem das pessoas e do mundo. Em visitas o pontífice aproxima-se da realidade e da cultura dos povos e leva suas motivações de fé, de promoção humana, de inclusão social, e aponta desafios.

Entretanto, mesmo que pese mais o objetivo religioso, também se apresentam oportunidades para propor reflexões vinculadas aos elementos valorativos e que incorporem respostas à questão dos direitos fundamentais das pessoas. Dessa forma, é interessante registrar alguns aspectos relevantes nas nações visitadas. Na primeira viagem internacional, em julho de 2013 no Rio de Janeiro, na Jornada Mundial da Juventude, o papa Francisco desafiou os jovens: “Sejam revolucionários. Tenham a coragem de ser felizes”.

Em seu discurso, criticou a alienação e manipulação da juventude por uma vida de consumo e hedonismo. Em Assunção, no Paraguai, no dia 11 de julho de 2015, dirigindo-se aos diversos segmentos o pontífice encorajou a sociedade paraguaia a lutar: “Um povo que não mantém vivas as suas preocupações, um povo que vive na inércia de uma aceitação passiva é um povo morto”. E motivou para o enfrentamento e superação da pobreza: “Deus está sempre a favor de tudo o que ajuda a levantar e melhorar a vida de seus filhos". Conclamou o povo a conquistar condições de vida digna pela luta e através da erradicação da miséria social.

Em peregrinação à Terra Santa, entre 24 e 26 de maio de 2014, o Papa Francisco assumiu a tarefa de promover o diálogo e a unidade religiosa ao reunir o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I e os chefes das Igrejas em Jerusalém. Naquele encontro expressou a vontade do Senhor na Última Ceia: “Que todos sejam um”, seguindo o modelo de unidade do Pai e do Filho. Em tal apelo pela unidade, junto ao Santo Sepulcro, celebrou um encontro ecumênico com todos os representantes das igrejas cristãs de Jerusalém e com o Patriarca Bartolomeu de Constantinopla.

A comemorada aproximação entre Cuba e EUA só foi possível porque o próprio Papa Francisco teve um papel de mediador pela reconciliação. Apesar dessa iniciativa, em setembro do corrente ano, ao visitar primeiro Havana e depois Washington, uma parte da classe política americana reagiu chamando-o de marxista. Em protesto ao gesto do papa alguns americanos se posicionaram contra a encíclica Laudato Si’ sobre a defesa do meio ambiente. Outros reagiram contra o pontífice pelos discursos virulentos ao ultraliberalismo econômico, à finança cega e exploração desenfreada dos recursos naturais por parte das multinacionais. Ainda que nem todos aceitem suas ideias, em suma, a visita pastoral do pontífice possui o caráter dinâmico de incluir exigências nos princípios religiosos e nos bens coletivos.

Ao finalizar a série de quatro artigos nos quais comentei aspectos importantes do pontificado do Papa Francisco, espero ter correspondido ao anseio dos leitores.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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