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Os novos medos

Miguel Debiasi

Quando criança tinha-se certos medos ante o mundo que se desenhava frente aos olhos. Tais medos surgiam por falta de domínio e compreensão do que se passava. Alguns medos foram inventados pelo próprio processo pedagógico familiar. Mas, normalmente, os medos da infância advinham dos grandes bichos, animais selvagens. Agora, adultos, tem-se a sensação que os maiores medos surgem das coisas menores, como bactérias, insetos, agentes infecciosos invisíveis aos olhos. O poderio destruidor deles é incomparável com os da infância. Ademais, combatê-los é tarefa de todos.

Nas últimas décadas a população vem sendo atormentada por muitos tipos de surtos, epidemias e endemias. Às vezes as epidemias ganham dimensões de pandemia. Isto é, a gravidade ganha escala planetária. A epidemia é uma doença infecciosa e transmissível numa comunidade e região. Segundo a Organização Mundial da Saúde as pandemias infectam os humanos com a AIDS, gripe asiática, gripe espanhola, gripe suína, tifo, tuberculose, peste, malária, cólera, etc. Os agentes dessas pandemias estão presentes em todos os continentes. Atualmente a população sofre com o mosquito Aedes Aegypti, transmissor de doenças como a dengue e a febre chikungunya. A dengue é tratada como um surto, pois acontece em algumas regiões específicas como num bairro, numa cidade. A febre amarela é considerada como endemia por estar apenas em uma região da nação. Afinal, exemplos não faltam para demonstrar a presença de tantos agentes infecciosos que põem medo nas pessoas e na humanidade.

Existe uma realidade exposta nesses surtos, epidemias e endemias. A situação exige conscientização e convoca aos cuidados com a saúde pública, ainda que seja um trabalho dispendioso e que não pode ser postergado. O termo dispendioso, derivado do latim dispendiosus, significa “danoso, nocivo, pesado, oneroso, penoso”. Ou seja, um trabalho que exige muitos recursos. A Campanha da Fraternidade de 2016 convida ao cuidado com a “casa comum”, a mãe Terra, que precisa de maior atenção por parte da humanidade. A campanha alerta sobre a suma importância do saneamento básico. Sem saneamento é favorecida a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, da febre chikungunya e do Zika vírus. A Organização Mundial da Saúde calcula que a cada US$ 1 investido em saneamento, seriam economizados US$ 4,3 em saúde. E devido ao precário abastecimento de água potável, falta de higiene e de disposição adequada de esgotos e lixo milhões de pessoas no mundo se tornam mais suscetíveis a doenças como diarreia, cólera, hepatite e febre tifoide. Ao não serem sanadas, essas situações provocam medo pela possibilidade de proliferação de doenças epidêmicas.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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