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O poder da fé

Miguel Debiasi

Tomar decisões sempre exige um sábio discernimento. É bem provável que diante de decisões complexas a maioria das pessoas recorra à fé para iluminar suas mentes. Em última instância isto mostra o quão difícil é tomar decisões que não comprometam o futuro. Sem dúvida, na incerteza da razão, é importante que a fé exista de verdade. A partir desta condição, o homem do século XXI também aposta no poder da fé. Eis uma condição favorável aos trabalhos das Igrejas e comunidade religiosas.

Segundo resultados de pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade pública norte americana de Utah, publicados na revista Neuroscience Social, no dia 29 de novembro último, “as experiências espirituais e religiosas ativam os circuitos de recompensa do cérebro, da mesma forma que acontece com o amor, sexo, jogos de azar, drogas e músicas”. Ao saber do resultado, o neurorradiologista Jeff Anderson disse que “estamos apenas começando a entender como o cérebro atua durante as experiências que os religiosos creem ser espirituais, divinas ou transcendentais”. Os resultados dos pesquisadores se baseiam em monitorar um grupo religioso de Mórmons, formados por dezenove membros, sendo sete mulheres e doze homens.

O grupo foi colocado em um ambiente onde os membros pudessem “sentir o espírito”. O teste consistia em seis minutos de descanso, oito minutos de citações de líderes religiosos mundiais, oito minutos de leitura de passagens do Livro de Mórmon, doze minutos de estímulos audiovisuais e mais oito minutos de citações. Durante as citações, foi mostrada aos participantes uma série de falas, sempre com a pergunta: Você está sentindo o espírito? As respostas variaram de “não estou sentindo” até “estou sentindo fortemente”.

Diante disto é preciso fazer algumas críticas. A primeira se refere a que o método científico que o neurologista norte-americano usou para mensurar o “sentir o espírito” é frágil, simples e duvidoso. A segunda se refere ao lugar ou ambiente em que foram colocados os membros desempenhar condicionamentos. A terceira adverte sobre as intervenções externas, como uso da linguagem, sons, músicas e pregações para estimular o grupo. A quarta explica a autenticidade que desempenham as convicções e as crenças por ser o teste aplicado apenas para um grupo religioso sem pessoas de outras religiões. A quinta é com relação à estrutura usada para o teste ser empírica, menos cientifica. Isto é, algo de pouca averiguação e comprovação.

 

            Porém, convenhamos que nas últimas décadas as tecnologias de imagem cerebral evoluíram de forma espetacular. Obviamente, isto permite que ressonâncias magnéticas funcionais do cérebro sejam capazes de demonstrar as sensações e sentimentos de calor, de frio, de paz, de choro, respiração, batimentos do coração, etc. Mas, por outro lado, não dá para esquecer que a fé envolve a vida como um todo. Pela fé, as pessoas podem fazer a experiência do bem e iluminar um itinerário de vida digna. De tudo isto, o que nos conforta é a fé ser uma realidade palpável no ser humano, agora comprovada e reconhecida até pela ciência.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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