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Menos chefe, mais líder! (II)

Miguel Debiasi

Em continuidade à reflexão sobre a nova configuração do líder, vamos apontar neste artigo alguns desafios para o papel da liderança. Em contextos modernos e neomodernos, para a formação e qualificação de líderes promissores é imprescindível livrar-se de esquemas mentais e de práticas do passado.

A escritora e jornalista ítalo-brasileira Marina Colasanti diz: “A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma”. (Do livro Eu sei, mas não devia, Editora Rocco, Rio de Janeiro, 1996). Aqui vale o alerta de que o passado é sempre um intrometido no presente. O que até aqui se tem recebido como obra de uma história, é na realidade o fruto de lutas e superações humanas individuais e coletivas. Entretanto, na necessidade de novas configurações de lideranças, o problema surge quando não se sabe conferir outros valores mais decisivos à tarefa de um líder em tempos de profunda competição.

Em tempo de acirradas competições, é preciso capacidade de discernir modos de conquistar frutos almejados e de como superar limites individuais e conflitos coletivos. Certo é que os velhos paradigmas com base na autoridade não servem mais como elemento para o exercício da liderança. Trata-se não de uma ruptura histórica, mas de alcançar princípios válidos e condizentes para a função de liderar.

Com certeza há muitas vertentes para a construção de novas lideranças em tempo de crises. Entre elas três são imprescindíveis. A primeira, para ser um grande líder e possuir liderança em suas palavras será preciso inspirar-se no aforismo grego “Conhece-te a ti mesmo”. Frase esta atribuída ao filósofo Sócrates, que trata da relação da pessoa consigo mesma e com o mundo. O fato é que um líder tendo autoconhecimento não se deixa levar pelas convenções sociais que desviam de sua capacidade e singularidade.

Outra vertente na constituição de lideranças é cultivar a virtude da generosidade. Em meio ao profundo individualismo no qual as pessoas são conduzidas pelo egoísmo na busca do sucesso pessoal e da riqueza individual, elas esquecem a empatia e simpatia pelo outro. Na real, as pessoas não conhecem a palavra e a experiência da generosidade.

A generosidade é dar de si mesmo em prol de alguém. Sua essência é dar um pedaço de nós para aquele que clama por ajuda, socorro, incentivo. Outra vertente é cultivar o espírito de voluntariado. O voluntário é um agente gerador de energias. Então, o caminho para novas paragens do líder e da liderança é cultivar o espírito horizontal das relações a fim de superar o verticalismo do poder.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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