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“Eu amo a escola”

Miguel Debiasi

A escola é imprescindível na vida das pessoas. Sem ela certamente a vida seria muito diferente. Todos deveriam frequentar a escola por longos anos, se possível escolas de excelente qualidade de ensino. No Brasil, a realidade das escolas está longe de ser a ideal. Muitas coisas precisam ser repensadas. O discurso do Papa Francisco “Eu amo a Escola” pode nos ajudar nesta tarefa.

Em 10 de maio de 2014, na Praça de São Pedro, Roma, o Papa Francisco proferiu discurso aos estudantes, professores, pais e servidores das escolas da Itália. Inicialmente reconhece as dificuldades, os problemas e as coisas que não correm bem nas escolas. Porém, em seu discurso foi além de constatar a situação das escolas e surpreendeu a multidão: “Eu amo a escola, eu amei a escola como aluno, como estudante e como professor. E depois como bispo”. E prosseguiu com as razões do amor pela escola.

A razão primeira é por guardar uma imagem bela da escola, como o lugar onde não se aprende sozinho, mas há sempre um olhar que ajuda a crescer. Lembra a primeira professora, e que posteriormente a acompanhou e a visitou em seu leito de morte aos 98 anos. Elogia: “porque aquela mulher me ensinou a amá-la. Este é o primeiro motivo pelo qual eu amo a escola”.

A segunda razão é porque a escola é “sinônimo de abertura à realidade”. Ir à escola significa abrir a mente e o coração, os aspectos e as dimensões da realidade. Na escola, “nos primeiros anos aprende-se a 360 graus, em seguida devagarzinho aprofunda-se uma área e por fim especializa-se”. O aprender é tornar-se uma pessoa aberta. Os professores ensinam aos alunos os caminhos para permanecer abertos à realidade. O professor é sempre um pensamento aberto que procura contagiar os alunos.

A terceira razão é porque a escola “é um lugar de encontro”. Lugar onde estamos a caminho, iniciando um processo, empreendendo um caminho. Encontra-se companheiros, professores, pessoas, famílias, culturas, relações, respeito. É o lugar de aplicar o provérbio africano: “para educar um filho é necessária uma aldeia”. E para educar um jovem “é necessária muita gente: família, escola, professores, pessoal não docente, todos”.

A quarta razão é porque a educação não é neutra. Ela é positiva ou negativa. Enriquece ou empobrece. A missão da escola é desenvolver o sentido verdadeiro do bem, do belo. É lugar de estimular a inteligência, consciência, afetividade, etc. A quinta razão, por ser o lugar onde se aprende conhecimento, conteúdos, hábitos, valores. Ela faz crescer três línguas nas pessoas: da mente, do coração e das mãos. O professor ajuda a harmonizar e juntar as três línguas. Em defesa da escola o Papa Francisco termina seu discurso “não nos deixemos roubar o amor à escola”. Em defesa de uma boa educação “é sempre melhor uma derrota limpa do que uma vitória suja”. Valorizar a escola será uma imprescindível solução para o Brasil.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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