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Cultivar e guardar a Criação

Miguel Debiasi

O Brasil é um país de muitos recursos naturais: água, minérios, petróleo, flora, fauna. Contudo, esses recursos despertam interesse de exploração comercial nacional e internacional. Naturalmente, por estes recursos o Brasil poderia ser protagonista de desenvolvimento sustentável. Para tanto, é necessário uma correta política de extração da matéria prima, em benefício de um ecossistema sustentável e da população.

A expressão desenvolvimento sustentável foi usada pela primeira vez em 1987, pela Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. O desenvolvimento sustentável se traduz num modelo capaz de incorporar um sistema de consumo de massa articulado com a preservação da natureza. Istoé, capaz de satisfazer as necessidades da geração atual sem comprometer as capacidades e as condições das futuras. Ou seja, as gerações do futuro têm o mesmo direito de usufruir de um satisfatório desenvolvimento social, econômico, humano e cultural com a retirada de recursos da terra preservando as espécies e os habitats naturais.

Vendo as interferências negativas ao ecossistema, a Igreja do Brasil, com a Campanha da Fraternidade 2017, propõe refletir sobre os Biomas Brasileiros. Bioma trata-se de uma unidade biológica ou espaço geográfico caracterizado pelo aspecto da vegetação de um lugar, o solo e altitude específicos. Ou seja, são tipos de ecossistemas, habitats ou comunidades biológicas com certo nível de homogeneidade. O Brasil tem seis Biomas: a Mata Atlântica, a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga e o Pampa. Nesses biomas vivem pessoas e povos, resultantes da imensa miscigenação brasileira. Os biomas brasileiros sofrem ação humana negativa desde os colonizadores com a extração do pau-brasil. Hoje continuam sendo explorados de forma inadequada causando graves riscos à biodiversidade, à sociodiversidade, à beleza natural.

A Igreja Católica, através da Campanha da Fraternidade, oferece subsídios de reflexão e incentiva a preservação do meio ambiente mediante: acesso aos serviços públicos de qualidade de vida; uso racional dos recursos da natureza, principalmente água; reciclagem de diversos tipos de materiais como baterias, equipamentos eletrônicos; tratamento de esgoto industrial e doméstico; geração de energia não poluente, eólica, solar e geotérmica; substituição de sacolas plásticas pelas de pano ou papel; dos combustíveis fósseis, como gasolina e diesel por biocombustíveis; dos meios de transporte individuais pelos coletivos como metrô; utilização de técnicas agrícolas que não prejudiquem o solo; combate ao desmatamento ilegal de matas e à ocupação irregular em regiões de mananciais; criação de áreas verdes nos centros urbanos; manutenção e preservação dos ecossistemas; produção e consumo de alimentos orgânicos, gestão ambiental nos setores privados e públicos. Dessa forma, “cultivar e guardar a criação” leva a justiça social, promove as relações fraternas e ações sustentáveis com a natureza.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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