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Assédio com parceria

Miguel Debiasi

            O assédio moral é ato indefensável. A vítima passa a ser agredida em suas condições psicológicas, morais, sociais, de consciência e fisicamente. O assédio é ato que compromete a civilização do século XXI. Em decorrência do aumento de casos de assédio é preciso promover cultura que não possibilite tal atitude.

            O termo assédio é usado em muitas expressões. O poeta russo Joseph Brodsky em 1976 aplicou o termo sexual harassment, que em português significa assédio sexual. O médico sueco Heinz Leymannem usou em 1989 a palavra mobbing, traduzido como perseguição no trabalho. O professor inglês Adam Crawford em 1992 utilizou o termo bullying, traduzido por muitas palavras como maltrato psicológico, perseguição, abordagem violenta, intervenção humilhante, etc. A psiquiatra francesa Hirigoyen define o assédio como uma conduta abusiva, configurada por comportamentos, palavras, gestos e atitudes. Algo inaceitável como padrão moral da sociedade. Para a pesquisadora brasileira Margarida Barreto o assédio é uma doença e distorção moral. Na cultura de senso comum assédio significa perseguir com insistência, molestar, perturbar, aborrecer, incomodar, importunar.

            A prática do assédio está muito presente em ambientes de trabalho, escolas, clubes, espaços públicos. Normalmente é praticado por quem tem poder ou possuir autoridade sobre o assediado. A Lei n. 8.112 define o ato de assédio como decorrente de uma hierarquia autoritária e que coloca o subordinado em situações humilhantes. Muitas vezes o assediador além de se utilizar de condições de autoridade incentiva-se com preconceitos como machismo e de subordinação de gênero. Possivelmente haja muitas outras motivações que levam ao ato de assediar. Em todo caso, a problemática do assédio frequentemente ganha as manchetes, como no episódio que envolve famoso ator brasileiro ligado à Rede Globo de Televisão. Quanto a isso é preciso refletir sobre a parcela de colaboração da emissora com o episódio sem tirar a responsabilidade do agressor.

            Segundo o jornalista Marco Damiani, do jornal Brasil 247, a emissora tem sua grande parcela de culpa, pois “pelas novelas, há décadas, todas as noites, em horários nobres, incentiva o sexo precoce, rebaixa as mulheres a objetos sexuais, faz elogio do machismo, glamouriza a prostituição, afiança traições, arranca roupas, tira camisas, exibe bundas...". Outro alerta vem do escritor italiano Umberto Eco (1932-2016) que afirmou que a má qualidade da televisão destruiria a sociedade italiana. Na péssima qualidade da programação da televisão brasileira como da Rede Globo o perigo de destruição da cultura é constante. Ainda, passado um ano do golpe parlamentar a emissora com seus âncoras felizes transmitiam em rede nacional cartazes escritos "Dilma vaca" e ofereciam seus microfones para manifestações machistas. Por conseguinte, é preciso concordar com Umberto Eco que a má qualidade da televisão brasileira leva a ruir os valores da sociedade e da civilização.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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