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Anel, aliança, flores, véu, beijo (II)

Miguel Debiasi

 

            Em continuidade à reflexão sobre alguns símbolos religiosos que representam a felicidade das pessoas, vale ressaltar o significado das flores, do véu e do beijo. O imensurável valor da vida em seu estado de felicidade ou tristeza pode ser expresso em símbolos. Atualmente há uma proliferação de símbolos. Porém, nem todos representam o perene, estável e duradouro.

            Da felicidade e da solidariedade depende a qualidade de vida, o futuro da humanidade e do planeta. Pensar em felicidade e solidariedade sem propor novos conteúdos para a superação da crise econômica e política mundial soa como ignorância. A realidade confirma que a livre economia, a política neoliberal e o poder plutocrático não têm a última palavra. A economia sob o comando do mercado só acumula em poucas mãos e provoca um cenário mundial de exclusão. Os representantes da política tendem a ampliar a crise mundial. Diante disto não é exagero pensar que a felicidade das pessoas e o futuro da humanidade e do planeta sentem-se ameaçados.

            Na complexidade da crise mundial é impossível explicar em linguagem as consequências disto tudo para a felicidade das pessoas e para o futuro da humanidade e do planeta. Nossa felicidade, o futuro da humanidade e do planeta depende do modo que o mundo e a vida estão organizados. Por isto é importante a existência de um sistema que, em função do bem comum, funcione e oriente à ordem social.

            No sistema religioso surgiram símbolos buscando entender e orientar as pessoas para o bem individual e comum. O anel ou aliança representavam o elo entre a condição real, material e espiritual das pessoas. Para conseguir tais fins, como a felicidade, muitos ao dispor-se a essa condição de vida e de relação humana gravavam o nome dos amados na aliança.

            Na real, o mais significativo em qualquer ser humano é sua felicidade. A felicidade ocupa o centro das relações humanas. As alianças são um sinal disto, como mostra a tradição dos anéis de noivado de brilhante para representar a solidez do relacionamento. Em prol da felicidade dos cônjuges, surgiu também o primeiro beijo em público na cerimônia de noivado e as noivas passaram a usar na cabeça flores como buquês. As flores representavam a felicidade e a vida longa, e os espinhos afastariam os maus espíritos. Posteriormente substituiu-se a coroa com espinhos pelo véu, em referência à deusa greco-romana Vesta, protetora do lar, simbolizando a honestidade e a pureza, virtudes imprescindíveis para uma boa prole e a continuação do “sangue”. Deste universo simbólico religioso, o mais eloquente e significativo é ensinar que da felicidade e da relação humana dependem muitas coisas, inclusive o futuro de todos e do planeta.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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