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Advento é Júbilo

Vanildo Luiz Zugno

 

O Terceiro Domingo do Advento é o Domingo da Alegria. Em latim, é o Domingo Gaudete. Mesmo que na tradição da Língua Portuguesa se use a palavra “alegria”, a tradução mais fiel seria Domingo do Júbilo. Mas isso é apenas uma preciosidade linguística. Alegria e júbilo são sentimentos muito próximos. Poder-se-ia dizer, praticamente iguais.

Voltando ao Domingo do Júbilo ou da Alegria, neste terceiro domingo o uso de instrumentos musicais, de flores e outros adereços litúrgicos pode ser feito com menos moderação que o recomendado nos outros domingos deste tempo litúrgico. Qual a razão de tudo isso? Simples: o Terceiro Domingo do Advento indica que a metade do percurso na espera da chegada do Filho de Deus já ficou para trás! Está se aproximando o dia da grande festa da manifestação de Deus no meio de nós em forma humana na criança que nasceu de Maria de Nazaré em uma estrebaria em Belém da Judeia, protegida por José, rodeada por pastores e animais e festejada pelos anjos do céu.

Mas o que mais chama a atenção da maioria das pessoas é que, neste Terceiro Domingo do Advento, o Presidente da Celebração pode usar vestes de cor rosa. Muitos se admiram desta cor litúrgica utilizada apenas duas vezes por ano, neste domingo e no Quarto Domingo da Quaresma, o Domingo Laetare, literalmente, Domingo da Alegria.

Mas, por que a cor rosa? No Ocidente moderno, a cor rosa é ligada à feminilidade, sensibilidade, carinho, ternura, afeto. Para muitos marcados por uma tradição machista e preconceituosa, o rosa é também identificado com a homossexualidade ou, pelo menos, com uma masculinidade duvidosa. Mesmo hoje e na cultura urbana, são poucos os homens que se permitem utilizar alguma vestimenta de cor rosa. Uma das exceções são os presbíteros no terceiro domingo do Advento! E isso sempre levanta comentários nada agradáveis de parte de alguns fieis.

Mas a cor rosa, assim como as demais cores, não tem o mesmo significado em todos os tempos e todos os lugares. O significado das cores é algo que se constrói culturalmente e varia de lugar para lugar, de tempo para tempo e de cultura para cultura.

A maioria dos manuais de Liturgia e das páginas da Internet que tratam de temas litúrgicos somente afirma que se usa rosa porque é o Domingo da Alegria. Mas por que o rosa e não outra cor. Não encontrei nenhuma explicação que fosse satisfatória nos livros, blogs e sites litúrgicos. Curioso, fui buscar na História da Arte. E encontrei uma informação preciosa. A cor rosa ganhou destaque ao aparecer na história da arte associada à religião.

Nas obras de Duccio e Cimabue do século XIII, por exemplo, o Menino Jesus era retratado vestido de rosa, que era a cor associada ao corpo de Cristo. Já a figura de Maria era revestida com roupas de cor azul e o divino e tudo o que a ele era associado, de cor púrpura. Tudo aquilo que fosse associado ao divino, era representado com tons de púrpura. Quanto mais divino, mais forte a cor. Quanto mais distanciado da divindade absoluta, a cor ficava mais esmaecida. Ora, o rosa é o meio caminho entre o branco e o púrpura. Ele representa a divindade a caminho de manifestar-se plenamente na pessoa de Jesus de Nazaré nascido de Maria em Belém da Judeia. Para dizer, de forma concreta e visual esse fato que tanta alegria traz para a humanidade, a cor rosa é a cor do Terceiro Domingo do Advento. No dia 25, o rosa se transforma em vermelho e a alegria é plena!

Rejubilemo-nos então, sem medo e sem preconceito, com a Salvação que já está no meio de nós.

Sobre o autor

Vanildo Luiz Zugno

Frade Menor Capuchinho na Província do Rio Grande do Sul. Graduado em Filosofia (UCPEL - Pelotas), Mestre (Université Catholique de Lyon) e Doutor em Teologia (Faculdades EST - São Leopoldo). Professor na ESTEF - Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (Porto Alegre)."

 

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