O ser humano é um ente que acredita. Por acreditar tem sólidas convicções. Viver é ter convicções seguras. As convicções são o motor do ser humano para as relações, a ética e a justiça. Porém, em sociedade capitalista tudo se disputa e as convicções são impregnadas por ideologias e crenças. A neutralidade é ilusão.

Sem dúvida, a experiência é uma fonte cognitiva e de informações. Conhecimento e informações são obtidas por contato direto do indivíduo com o mundo e com sua realidade. Na experiência com o mundo e com a sociedade não existe a neutralidade. Para o filósofo francês René Descartes (1596-1650), a experiência é aquilo que se dá em qualquer faculdade mental, seja a percepção, a memória, a imaginação ou a introspecção. Isto significa que a experiência não se reduz à experimentação do experimentado, é também produto de conteúdo refletido. Em termos filosóficos, o experimento de certa coisa produz uma experiência daquela coisa. Ao tomar um copo de água faz-se a experiência característica da água. Ao degustar uma taça de vinho faz-se a experiência do vinho. Contudo, desta experiência recolhem-se conhecimento e informações que vão além do experimentado.

Os filósofos hermenêuticos Wilhelm Dilthey (1833-1911) e Hans-Georg Gadamer (1900-2002) discutem a questão da experiência a partir de dois distintos termos da língua alemã, Erlebnis e Erfahrung. Erlebnis trata da experiência imediata e vivida na qualidade de realidade unitária. Quanto à Erfahrungseia, trata-se da experiência refletida. Em outras palavras, em ambas o conhecimento constitui-se pela experimentação e reflexão do experimento. Portanto, o indivíduo pela experiência e reflexão chega a novos conhecimentos sobre os fenômenos naturais e culturais.

Já do latim experientia, significa ação e o efeito de experimentar. Isto é, realizar ações destinadas a descobrir ou comprovar determinados fenômenos. A experiência é um procedimento habitual como de um trabalho científico para averiguar tais hipóteses. Em outras palavras, é um procedimento manipulado que os pesquisadores ou cientistas fazem e pretendem confirmar sobre um fenômeno. Ou seja, pela experiência é possível chegar à explicação e compreensão exata dos fenômenos naturais. Ela é a possibilidade de chegar a algo novo. Assim ocorre com a criança: quanto mais coisas manipula com suas mãos ou coloca na boca, mais obtém novas compreensões. Através dessas experiências a criança elabora conhecimento. Isto é, percepção a respeito de si mesma, do mundo, das coisas, etc. Então, com base em experiências subjetivas produzem-se convicções que norteiam muitas ações humanas.

Em sua primeira entrevista após deixar a cadeia, o doleiro Alberto Yousseff, um dos mais corruptos delatores da Lava Jato, diz “não vejo interesse em mudar os costumes políticos. Essa fase da Lava Jato vai passar, e vai continuar tudo como está. O sistema vai continuar, o Brasil não vai mudar”. Em primeiro lugar, causa estranheza sua entrevista à imprensa. Em segundo lugar, surpreende sua convicção à opinião pública, sabendo que passou longos meses na cadeia por corrupção. Porém, é de acreditar que sua convicção venha da própria experiência da detenção e da prática de corrupção. Com isso, não deixa de ter certa razão, porque conhece como funciona o sistema político do país, o conhecido “toma lá, dá cá”. Por outro lado a entrevista concedida por Yousseff, além de denunciar o sistema político menosprezou as medidas de combate à corrupção com a consciência indolente: “Eu digo sempre que tem dois caras que não roubaram ali. Um sou eu. O outro é o Vaccari, ex-tesoureiro do PT”.