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Setembro Amarelo propõe reflexão da sociedade e ações do Poder Público no combate ao suicídio

por José Theodoro

Proposta foi criada pela Organização Mundial da Saúde em 2014

Setembro Amarelo mostra que há saída ao invés da morte para as adiversidades da vida
Foto: Divulgação

Os números são assustadores. A cada 45 minutos um brasileiro morre vítima do suicídio e em todo o mundo, mata mais que as guerras. Para reverter este quadro, foi criado o movimento mundial Setembro Amarelo, que é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, em que as instituições de saúde, ensino e imprensa procuram debater esse problema e conversar com a comunidade sobre prevenção ao suicídio. A campanha ocorre desde 2014 e consiste em iluminar ou sinalizar locais públicos com faixas ou símbolos amarelos, além da realização de atividades sobre o tema. O objetivo é alertar a população sobre o problema e mostrar que nove em cada 10 casos poderiam ser prevenidos.

Iniciado no Brasil pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Setembro Amarelo realizou as primeiras atividades em 2014 concentradas em Brasília. Em 2015 já conseguiu uma maior exposição com ações em todas as regiões do País. Mundialmente, a Associação Internacional para Prevenção do Suicídio (ASP) estimula a divulgação da causa, sendo 10 de Setembro o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil está em oitavo lugar no número de suicídios registrados por ano em todo o mundo. Em torno de onze mil pessoas acabam tirando a própria vida por motivos de frustrações e crises emocionais no Brasil. Conforme relatório da OMS, 804 mil pessoas cometem suicídio todos os anos no mundo. Uma média de 11,4 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. De acordo com a agência das Nações Unidas, 75% dos casos envolvem pessoas de países onde a renda é considerada baixa ou média. 

Entre 2000 e 2012, houve um aumento de 10,4% na quantidade de mortes – alta de 17,8% entre mulheres e 8,2% entre os homens. O país com mais mortes é a Índia (258 mil óbitos),  seguido de China (120,7 mil), Estados Unidos (43 mil), Rússia (31 mil), Japão (29 mil), Coreia do Sul (17 mil) e Paquistão (13 mil).

O levantamento diz ainda que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio e apenas 28 países do mundo possuem planos estratégicos de prevenção. A mortalidade de pessoas com idade entre 70 anos ou mais é maior, de acordo com a pesquisa.

Centro de Valorização da Vida

Fundado em São Paulo em  1962, o Centro de Valorização da Vida é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal em 1973, mantenedora e responsável pelo Programa CVV de Valorização da Vida e Prevenção ao Suicídio, desenvolvido pelos Postos do CVV em todo o Brasil.

Através dos Postos espalhados por todo o país, presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional, oferecido a todas as pessoas que querem e precisam conversar sobre suas dores e descobertas, dificuldades e alegrias.

Em 1977 começou a expandir-se para outras cidades do país, estando hoje em quase todas as capitais e diversas cidades do interior do Brasil. São aproximadamente 70 Postos e cerca de 2.000 voluntários que se revezam para o atendimento 24 horas por dia, inclusive aos domingos e feriados. Esse atendimento é prestado por telefone 188 para todo Brasil. Em algumas cidades, por e-mail, pessoalmente nos postos e via chat, sendo a primeira entidade do gênero no mundo a prestar atendimento via chat.

Como é o atendimento

O trabalho consiste no diálogo compreensivo e na doação incondicional do calor humano. O Voluntário trabalha no sentido de compreender a pessoa que procura o CVV, dessa forma, valorizando sua vida. A pessoa que procura o CVV tem o sigilo assegurado, a total privacidade e anonimato. O atendimento ocorre em clima de profundo respeito e confiança.

Os Voluntários são pessoas com aptidões para o serviço que passam por um curso teórico e prático oferecido pelo Posto. Esse curso é gratuito e ministrado periodicamente com prévia divulgação na comunidade. São pessoas maiores de 18 anos, de boa vontade, que acreditam no valor da vida e dispostas a conversar com outras pessoas em seus momentos de vulnerabilidade emocional.

A instituição é mantida com as contribuições dos próprios Voluntários e também por doações feitas por pessoas e segmentos da sociedade que reconhecem a importância do trabalho. Tem personalidade jurídica e não está vinculada a qualquer religião, governo ou partido político.

Setembro Amarelo é Lei em Caxias do Sul

No dia 29 de agosto, o prefeito Daniel Guerra sancionou, a Lei Ordinária nº 8.201, de 28 de agosto de 2017, que institui o mês denominado Setembro Amarelo em Caxias do Sul. O objetivo é incentivar a reflexão sobre a prevenção do suicídio. “Nós estamos sancionando a lei antes do início de setembro, para que já, no próximo mês, possamos discutir o tema e trabalhar esse assunto no município. As ações servirão como um grande alerta para salvar vidas”, argumentou. O projeto de lei é de autoria da vereadora Paula Ioris. A lei entrou em vigor no dia 30 de agosto, após publicação no Diário Oficial do Município.

A vereadora entende que não se trata de entender o cérebro de uma pessoa, mas, sim, as suas emoções, onde dói e como ajudar. Para ela, o suicídio consiste em limite do sofrimento, causado por desequilíbrio psicológico, estando associado a problemas familiares e financeiros, depressão, uso de drogas, alcoolismo, esquizofrenia, transtornos de humor bipolar, entre outros.

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