Hospital Virvi Ramos e Uniftec desenvolvem equipamento que possibilita a ventilação não invasiva de pacientes com a Covid-19
Chamado de “tenda”, o equipamento também diminui a contaminação de profissionais da saúde pelo vírus
Há pouco mais de um mês, o Hospital Virvi Ramos de Caxias do Sul começou a trabalhar com um equipamento que visa evitar a intubação de pacientes que necessitam de oxigênio, bem como proteger os profissionais da Saúde que atendem às pessoas com Covid-19.
Chamado de ‘tenda’, o equipamento foi desenvolvido por meio de parcerias com voluntários, com uma equipe de engenheiros do Grupo Uniftec e com a empresa de São Paulo, Linter Filtros. A tenda é uma estrutura feita com canos de PVC com uma cobertura de plástico na qual o paciente fica dentro. A estrutura é acoplada a um equipamento exaustor que coleta o ar de dentro da tenda e leva para um filtro capaz de eliminar vírus, bactérias, fungos e outros patógenos presentes no ambiente.
As pesquisas e testes para desenvolver o equipamento duraram mais de 10 meses. O Hospital Virvi Ramos já havia testado a técnica semelhante, porém sem todos os parâmetros para que ocorresse a chamada pressão negativa que evita que o ar contaminado por vírus e bactérias se espalhe. “Chegamos a testar antes da confecção desta tenda uma outra forma de equipamento, mas, não dava segurança total, pois acabava ficando gás carbônico acumulando nessa tenda, deixando o paciente mais sonolento. Essa tenda que foi desenvolvida não tem esse risco para o paciente, pois se teve o cuidado com a comodidade do paciente, sem muito ruído, sem que fique muito quente dentro da tenda e vai evitar o risco de disseminação do vírus no ambiente”, explicou a Coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva do Virvi Ramos, Dra. Eveline Gremelmaier.
Conforme o Consultor Técnico, Adelfo Pinto Neto, que foi convidado pelo Hospital Virvi Ramos para atuar como voluntário no desenvolvimento da nova tenda, o projeto foi construído a muitas mãos: “Convidei o engenheiro Alan Castellani Pimentel para participar dos testes, ele é especialista na área de ventilação. Usamos técnicas dentro das normativas e uma que é utilizada é a VLE, Ventilação Local Exaustora em espaço confinado, que é a que foi utilizada na tenda. Através dos ensaios, chegamos à vasão necessária pra a ventilação, ou seja, um ganho na ventilação para o paciente e que também diminuísse o risco de contaminação dos profissionais da saúde. Aí começamos a trabalhar, juntamente com os engenheiros do Grupo Uniftec que validaram os ensaios. Isso foi muito gratificante porque, depois, [a tenda] foi a campo e, através dos médicos, fisioterapeutas e enfermeiros, veio a informação de que não havia a necessidade da intubação com esse procedimento”, afirmou.
A equipe principal do Uniftec foi liderada pelo engenheiro eletricista Geison Luís Rasia e composta pelos engenheiros mecânicos André Lunardi Steiner e Eduardo Caldas da Rocha, que, junto com outros professores do grupo, com o Consultor Técnico Adelfo e com o médico intensivista, Dr. Roger Weingartner, propuseram as melhorias do equipamento.
Segundo Eveline, o hospital já registrou casos de pacientes que viriam a precisar de intubação, por conta do quadro clínico, mas que quando foram submetidos ao procedimento com a tenda puderam ficar na ventilação não invasiva, ou seja, com a máscara de oxigênio, bem como apresentaram uma melhora mais rápida. “Tivemos alguns casos de sucesso. Me lembro de três casos de que quando os pacientes chegaram na UTI tínhamos certeza de que eles iriam evoluir para intubação. Tentamos a utilização da ventilação não invasiva com a tenda, nesse período não tivemos nenhum funcionário contaminado; e os pacientes precisaram de um tempo menor de internação”, afirmou.
Atualmente, o Hospital Virvi Ramos conta com três tendas, que estão sendo utilizadas, principalmente nas UTIs covid.
Confira a entrevista com a Dra. Eveline Gremelmaier AQUI.
Confira a entrevista com o Consultor Técnico Adelfo Pinto Neto AQUI.
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