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Centro de Vigilância em Saúde irá aumentar análises na Serra para avaliar variante do coronavírus

por Pablo Ribeiro

Variante P1 foi detectada em um paciente de 88 anos, morador de Gramado, que faleceu

Foto: UCS/Divulgação

Técnicos do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) irão aumentar o número de análises em amostras de pacientes de coronavírus da região da Serra para buscar entender se a variante P1, detectada em um paciente de 88 anos que faleceu, representa um caso isolado ou se há transmissão comunitária.

O achado está informado na segunda edição do Boletim Genômico do coronavírus, produzido pelo Cevs e publicado neste sábado (13/2). A amostra onde a P1 foi encontrada foi coletada de um morador da cidade de Gramado, com início dos sintomas no dia 29 de janeiro, sem histórico de viagem ou contato direto com pessoas que viajaram para outros Estados.

As mutações de vírus são frequentes e não representam necessariamente uma alteração na ação do vírus. O objetivo é identificar os tipos em circulação para monitoramento e controle da transmissão, vacinação e tratamento. As mutações podem, por exemplo, alterar as características do vírus e impactar no quadro clínico e na resistência às vacinas.

"Precisamos tentar definir o caminho do vírus, e faremos isso a partir de amostras de pacientes da região da Serra que temos armazenadas. Ainda não sabemos qual a relação entre as variantes P1 e a P2, mais comum no nosso Estado, e se quem contraiu uma delas cria anticorpos também para a outra. Outra dúvida é como irá evoluir o cenário a partir da interação das duas variantes no mesmo ambiente”, explica a diretora do Cevs, Cynthia Molina-Bastos.

A P1, variante da Covid-19 que circula em Manaus, está associada a uma maior transmissibilidade, ou seja, parece transmitir mais rapidamente o vírus de uma pessoa para outra.

Boletim

Para a elaboração do Boletim Genômico foram utilizadas informações de amostras coletadas entre 9/3/2020 e 2/2/2021 em exames RT-PCR de moradores de 53 municípios gaúchos (19 exames não apresentaram registro de local de residência). A maioria dos exames foi realizada pelo Laboratório Central do Estado (Lacen/RS) e pelo Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale. Os dados foram enviados à Rede Genômica da Fiocruz e ao Laboratório Nacional de Computação Científica.

Conforme Cynthia, a Vigilância Genômica em doenças virais respiratórias é um passo adiante para o reconhecimento das linhagens de vírus que estão circulando. Segundo ela, existe um banco de dados internacional chamado GISAID, com sede em Munique, na Alemanha, onde virologistas que trabalham com influenza e coronavírus, por exemplo, inserem informações sobre todas as novas linhagens descobertas.

A equipe técnica do CEVS que trabalha com vigilância genômica pesquisou nesse banco de dados para formatar o boletim. “Essa atualização tem que ser rápida e muito dinâmica, porque as mutações de um vírus são silenciosas e a mesma pode fazer um vírus ficar mais leve ou acarretar uma doença mais grave.”

A avaliação detalhada da distribuição de diferentes linhagens serve, portanto, para o desenvolvimento de vacinas ou medicamentos, ou ainda para a identificação dos fatores de transmissibilidade ou quadro clínico da doença.

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