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Prefeitura de Caxias propõe distribuir serviços de traumato-ortopedia a outros municípios

por Jeferson Ageitos

Gestão municipal afirma que não recebe verba suficiente para atender a mais de 1 milhão de pacientes de 49 municípios da região

Hospital Pompéia deixaria de ser referência no serviço para 34 municípios
Foto: Pablo Ribeiro

A Prefeitura de Caxias do Sul quer redistribuir os atendimentos de traumato-ortopedia a outros municípios da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (5ª CRS). Na prática, o Hospital Pompéia deixaria de servir de referência regional para atendimentos de traumato-ortopedia de alta complexidade. Cerca de 500 mil habitantes de 34 cidades vizinhas teriam de buscar o serviço em outro hospital.

Atualmente, Caxias do Sul presta atendimento de urgência para as quatro microrregiões da 5ª CRS (Caxias e Hortênsias, Campos de Cima da Serra, Vinhedos e Basalto e Uva e Vales). Também oferece atendimento eletivo para Caxias e Hortênsias e Campos de Cima da Serra. As quatro áreas totalizam 49 municípios e mais de 1 milhão de habitantes. Caxias quer deixar de ser referência às microrregiões Vinhedos e Basalto e Uva e Vales e redistribuir os recursos para essas regiões para que elas façam o atendimento.

De acordo com informações da Prefeitura de Caxias do Sul, a capacidade instalada do Município está esgotada, há demanda reprimida que gera fila de espera para cirurgia eletiva de até 14 meses e o recurso financeiro é insuficiente. O Município aponta que recebe R$ 273 mil por mês do governo federal para prestar o serviço e que o valor nunca foi reajustado pelo Ministério da Saúde, desde quando Caxias do Sul foi habilitada para este atendimento, em 2005.

O secretário interino de saúde, Julio Cesar Freitas, afirma que Caxias do Sul não tem condições de manter o atendimento a toda região. “Permaneceríamos sendo referência para as microrregiões Caxias e Hortênsias e Campos de Cima da Serra, que reúnem 15 municípios com 700 mil habitantes, aproximadamente. Não podemos, sozinhos, assumir a região inteira. É preciso que outros gestores também cumpram com o dever de bem atender a população. O objetivo é garantir uma assistência de mais qualidade a todos os usuários. Para isso precisamos dividir essa responsabilidade”, alega.

A titular da 5ª CRS, Solange Sonda, afirma que foi pega de surpresa com o pedido do Município. Ela diz que, há poucos dias, a Prefeitura reafirmou interesse na continuidade do acordo que prevê atendimento a pacientes de outras cidades. “Quando Caxias do Sul aceitou ser referência, ele (o secretário de saúde) discutiu com os 49 municípios. Agora a gente foi pego de surpresa com um ofício. Na segunda-feira, dia 1º de outubro, o secretário de saúde da época (Geraldo da Rocha Freitas Júnior) participou de uma reunião com um representante do Hospital Pompéia e confirmou a pactuação. A resposta de agora é uma resposta oposta ao que discutimos no começo do mês. É surpreendente porque o ofício foi assinado por outro secretário (Júlio César Freitas da Rosa) que nem estava presente na reunião para discutir com os outros 48 municípios da região”, afirma.

Segundo a Prefeitura, Júlio César Freitas da Rosa assumiu interinamente a secretaria de saúde por conta do afastamento do titular da pasta, Geraldo da Rocha Freitas Júnior, que sofreu uma crise hipertensiva na última terça-feira (09).

Ouça a entrevista completa no podcast.

A direção do Hospital Pompéia confirma que há fila de espera para cirurgias e diz que não vê problemas na distribuição dos serviços a outros municípios. "Há tempos o Hospital Pompéia aponta a impossibilidade de ser referência", afirma o superintendente da entidade, Francisco Ferrer.

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