Aumento de preços de medicamentos compromete finanças de hospitais, indicam depoimentos à CPI
Representantes dos hospitais Pompéia e Geral, de Caxias, foram ouvidos na CPI do aumento dos medicamentos e insumos para Covid-19, nesta segunda-feira (31/05)
Novos depoimentos à CPI que investiga o aumento de preços de medicamentos utilizados no tratamento da Covid-19 no Rio Grande do Sul apontam para o desequilíbrio econômico-financeiro de instituições hospitalares durante a pandemia. Em sua nona sessão, na tarde desta segunda-feira (31/05), a comissão parlamentar de inquérito, que é presidida pelo deputado estadual Thiago Duarte (DEM), seguiu ouvindo gestores de hospitais da serra e da capital.
De Caxias do Sul, foram ouvidos o diretor financeiro do Hospital Pompéia, Diego Berenstein e o diretor-geral do Hospital Geral, Sandro Junqueira. Pelo Hospital São Carlos, de Farroupilha, foi ouvida a diretora da instituição, Janete Toigo. Também prestaram depoimento o diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição, Cláudio da Silva Oliveira e o coordenador do Departamento de Fiscalização do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul (Coren/RS), João Carlos da Silva.
Conforme o diretor financeiro do Hospital Pompéia, a instituição enfrentou aumento exagerado de preços, especialmente, de anestésicos, relaxantes neuromusculares e de luvas de látex. Diego Berenstein afirmou que o Atracúrio teve uma variação de 126% e a Morfina de 529%, em um ano. Para evitar o desabastecimento, a instituição recorreu à importação de medicamentos da Argentina e da Índia. Ouça AQUI.
No Hospital Geral, as dificuldades são semelhantes. O diretor Sandro Junqueira disse que, em nenhum momento os estoques de itens do kit intubação chegaram a acabar totalmente, mas que foi preciso fazer empréstimos com outros hospitais para garantir o atendimento. Hoje, o HG tem estoque para dez dias e está importando medicamentos. Junqueira revelou também que a instituição registrou um déficit de R$ 1 milhão nos últimos dois meses. Ouça AQUI.
Já a diretora do Hospital São Carlos, de Farroupilha, revelou que antes do início da pandemia o estabelecimento gastava cerca de R$ 240 mil por mês com a aquisição dos itens que compõem o kit intubação e que agora, para comprar os mesmos medicamentos, é preciso dispor de mais de R$ 1,3 milhão. Janete Toigo disse que a compra dos fármacos para o tratamento de pacientes com coronavívirus é a principal causa do desequilíbrio financeiro do hospital. Segundo ela, medicamentos como Atracúrio e Propofol tiveram aumentos de até 270%, de 2019 a 2021.
O coordenador do Departamento de Fiscalização do Coren/RS, João Carlos da Silva falou sobre as dificuldades enfrentadas pela categoria, especialmente, no início da pandemia. Segundo ele, a entidade recebeu inúmeras denúncias de falta, inadequação e má qualidade de equipamentos de proteção individual, falta de capacitação para lidar com a nova doença e sobrecarga de trabalho.
Participaram da reunião os deputados Dr. Thiago Duarte, Faisal Karam (PSDB), Clair Kuhn (MDB) e Vilmar Zanchin (MDB).
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