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Subsídios exegéticos para a liturgia dominical ano a Domingo de Ramos

por João Carlos Romanini

Entrada triunfal em Jesusalem

Foto: Divulgação

Subsídios exegéticos para a liturgia dominical ano a

Domingo de Ramos

Evangelho: Mt 21,1-11; 26,14-27,66.

Primeira Leitura: Is 50,4-7

Segunda Leitura: Fl 2,6-11

Salmos: 22,8-9.17-18.19-20.23-24 (R 2a).

 

A narrativa da Entrada em Jerusalém (Mt 21,1-11)

Esta narrativa é uma ponte entre o bloco de perícopes que marca o caminho para Jerusalém com seus anúncios da paixão (sendo que o terceiro e último está em 20,17-19) e o confronto entre o projeto de Jesus e os poderes de morte, este evidente nas duas perícopes seguintes (21,12-17 e 18 a 22). Embora haja um clima festivo, na narrativa se desenha o conflito, ou se abre a questão: que (rei) é este? (cf. 21.10; também presente no diálogo final entre Pilatos e Jesus, cf. 27,11). A referência direta ao “rei pobre” da profecia de Deutero-Zacarias (9,9-10), marca a tensão entre o poder representado por Jesus e os poderes presentes em Jerusalém (Sinédrio/Templo, Pilatos e Herodes Antipas/ Império).

21,1-7 – Jesus planeja a estratégia de chegada em Jerusalém e, portanto, quer intencionalmente ser esse “rei” pobre de quem fala a profecia, enquanto os discípulos são agentes da missão (muito claro no uso do mesmo vocábulo “ide” (poreuthentes) que em 28,19. 

21,8-9 – Apresenta a atitude da “maior parte da multidão” (ho de pleistos oxlos), que celebra e se manifesta, mostrando que não havia uma “unanimidade”.

21,10-11 – A entrada em si, passa a sinalizar “toda a cidade” (passa polis) que questiona a mobilização popular perguntando: “quem é este?” (21,10) enquanto, do outro lado, as multidões o aclamavam como profeta (21,11).

No centro (21,8-9) está a festa e mobilização da esperança do povo gritando “hosana”! Um grito popular que expressa as dores e todos os desejos do povo oprimido. A palavra em si é uma corruptela da expressão presente no Salmo 117/118,25 em hebraico, hoshia’h na’: “Salva-nos! Liberta-nos!”. O povo pobre, o povo que busca justiça na porta da cidade, o povo peregrino, vendo a profecia sendo cumprida grita por libertação e salvação. Este é o mesmo clamor do Êxodo (Êx 2,23;3,7.9).

A primeira parte (21,1-7) mostra que Jesus tem um projeto que envolve as pessoas que o seguem como sujeitos históricos e que vai ao encontro da esperança e do clamor popular. A última parte (21,10-11) mostra que, embora os poderes dominantes (toda a cidade) questionem a legitimidade da intervenção histórico-profética de Jesus, o povo que o ocupa a cidade com ele sabe quem ele é e o que representa. O que não impede que o povo também seja manipulado durante o julgamento público (27,20).

Narrativa da Paixão e Sepultamento (26,14-27,66)

Em geral 26,14 até 27,56 é considerado um conjunto. Já os últimos dez versículos (27,57-66) seria uma narrativa a parte.

Tudo gira ao redor da forma injusta e traiçoeira como agem os poderes de morte, não apenas com Jesus, mas com todas as pessoas compradas e manipuladas. Desde esse momento a paixão de Jesus é a paixão da Igreja Profética perseguida pela causa do Evangelho.

Os últimos dez versículos 27,57-66, apresentam uma ênfase diferente. O amor e a solidariedade voltam a cena em contraste com a tortura e a violência.  Na figura de um rico, religioso, convertido se mostra um novo mundo possível. Mas, o que une ambos os relatos é a presença das mulheres! Elas são o fio condutor! Elas são as grandes testemunhas e sinal da resistência (cf. 27,55-56.61 e 28,1).

Conexão com as outras leituras do Domingo

A leitura de Deutero-Isaías 50,4-7 (segunda parte do Livro do Profeta Isaías escrito no final do Exílio Babilônico; Is 40-55) é um dos Cânticos do Servo Sofredor. Esta figura foi o instrumento simbólico para articular a resistência contra os opressores babilônicos e preparar um novo tempo de consolação e vida após o exílio. O Cântico dá sentido ao sofrimento, que deixa de ser passivo para ser ativo e fermentador de uma nova realidade. São “palavras para quem sofre o cansaço” da opressão e da violência (50,4). A leitura de Filipenses é outro cântico da igreja dos primeiros tempos resgatado nesta carta paulina. Ali Jesus se esvazia de pode (kenosis) para gerar um novo povo de resistência contra a morte. Mostra como os cânticos são instrumentos poderosos de unidade e resistência, assim foi que Jesus e as pessoas que celebraram com ele a Eucaristia, saíram para enfrentar a morte! (Mt 26,30).

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da

Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

Edição: Dr. Vanildo Luiz Zugno

 

ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA E ESPIRITUALIDADE FRANCISCNA

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Este texto pode ser compartilhado e reproduzido com a devida indicação dos autores.

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