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Religião popular e fé desafiam pastorais da Igreja Católica

por José Theodoro

Tema está sendo proposta para reflexão no programa Razões da Fé na RedeSul de Rádio neste domingo

São João Batista, um dos santos mais venerados pelos católicos
Foto: Divulgação

O mês de junho é conhecido como o mês dos santos populares (Santo Antônio, São João, São Pedro, São Paulo e São Luiz Gonzaga). O programa Razões da Fé deste domingo faz uma reflexão sobre a Religião Popular e Fé tendo como tema “Piedade Popular e os desafios pastorais”. Foram convidados a irmã e psicóloga Jacinta Maria Bril da Congregação das Irmãs Franciscanas Bernardinas, padre Izidoro Bigolim -  pároco da Paróquia Pio X e especialista em Liturgia e Aldo Migot – professor de Filosofia.

O programa vai ao ar às 22h na RedeSul de rádio, São Francisco de Caxias do Sul, Fátima de Vacaria, Cacique de Lagoa Vermelha, Alvorada de Marau, Veranense de Veranópolis, Garibaldi de Garibaldi, Maristela de Torres, Sarandi de Sarandi, Cristal de Soledade, Rosário de Serafina Corrêa, Aurora de Guaporé, Cultura de Campos Novos. Transmitem também esse programa a rádio Miriam de Farroupilha e Webradio Migrantes.

Texto para reflexão

Conhecer os valores, perspectivas e limites da fé popular, inculturar-se nela e aprofundar sua catequese colabora para o enfrentamento da dificuldade que sentimos em nossa Igreja católica, no sentido de articular, entre si e com a fé popular, as duas espécies de testemunho profético que podemos oferecer ao mundo: o de tendência mais sociopolítica e o de tendência mais mística.

Como é a cultura – e religiosidade – do povo brasileiro e quais os caminhos para dar continuidade à inculturação da fé cristã em seu meio? As religiosidades do nosso povo, engendradas de sincretismos com base católica, condensam a sua cultura oprimida. Elas formulam experiências de cunho místico e com uma exuberância de ritos, não obstante a estrutura singela de crença: a devoção de cada um a determinado santo, de quem se recebe proteção divina.

No cotidiano do pobre, confundem-se a vida do corpo e a vida do grupo, o trabalho manual e as crenças religiosas. O que caracteriza a cultura popular é o fato de ser muito grupal, mas resguardar um espaço privatizado para a fé, de valorizar tanto materialismo como animismo, possuindo uma visão cíclica da existência que remonta à vida rural e interpreta tudo pelos ciclos da natureza. De forma que o homem pobre, no interior ou no subúrbio, conhece o uso da matéria, mexe com a terra ou com instrumentos mecânicos que são seu meio de sobrevivência. Por isso ele é realista, prático, sabe até onde pode agir, mas, ao mesmo tempo, recorre a uma força superior que se desdobra em entidades carregadas de energia (os santos e espíritos).

Como evangelizar esse “espírito religioso” Sua base psicossocial é a matriz familiar e maternal e, para além das formas religiosas institucionais e dos santos católicos, ele pede sempre soluções extraordinárias e privatizadas para problemas individuais ou familiares, aposta no transcendente diante das ameaças que o aconchego vital do povo sofre da natureza e, principalmente, da sociedade dominante. Nossas comunidades cristãs devem se aproximar solidariamente dos pobres, descobrindo então essa sua fé, seu núcleo cultural de valores e sentidos, para aí mostrar a presença do Espírito de Deus, as “sementes do Verbo”, e depois ir catequizando o que vem de encontro ao mandamento cristão da fraternidade humana e da abertura mística para um Deus maior.

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