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Subsídios exegéticos para quarto domingo do advento

por João Carlos Romanini

A liturgia dominical para o dia 22/12/19 - ano A

Foto: Divulgação

QUARTO DOMINGO DO ADVENTO 

Evangelho:  Mt 1,18-24

Primeira Leitura: Is 7,10-14

Segunda  Leitura: Rm 1,1-7

Salmo: 23,1-6 

 

Mt 1,18-24 está no Prólogo deste Evangelho. Embora existam diferentes interpretações da extensão deste prólogo (incluindo apenas os primeiros dois capítulos ou indo até 4,16), não cabe dúvida de que Mt 1-2 é uma unidade. O texto é uma inclusão da comunidade de Mateus que, se acredita, venha da memória ou tradição oral, isto é, da preservação da memória comunitária que proclamou a identidade de Jesus como “Cristo” (Mt 1,1 e 1,18). Outro paralelo importante entre a perícope deste domingo e a genealogia com que abre o Evangelho (1,1-17) está no uso do substantivo genesis (origem), autorizando a interpretar um texto à luz do outro.

Este texto mostra como a comunidade de Mateus – formada por sobreviventes da repressão romana contra a revolta judaica de 70 d.C, em Jerusalém -  preocupa-se em afirmar que Jesus cumpre as profecias do Primeiro Testamento e que dá um novo sentido à lei (Toráh), o que alguns comentaristas qualificam como um “novo Moisés”.

O texto apresenta uma estrutura em que estas dimensões estão bem evidentes, colocando Maria e sua gravidez como centro, a partir do que tudo é transformado:

  1. 1,18 - Título e contexto existencial e legal em que se apresenta a gravidez de Maria e sua relação com José.
  1. 1,19-20a - Apresenta de José - apontando para sua descendência davídica que é importante no sentido do cumprimento da profecia - e o qualifica como “homem justo”, demonstrado isto na forma digna com que pretendia resolver o problema.
  2. 1,20b-21 - Apresentação da situação de Maria em sonho, aludindo ao espírito profético transcendental - isto é, além do mero cumprimento da lei - que envolve sua gravidez e o futuro nascimento de Jesus, pela ação do Espírito Santo.

b1. 1,22-23 - O cumprimento da profecia, seguindo a fórmula “como disse o profeta” (tou profetou legontos) igual que como o faz em 2,15.17; 3,3;4,14;8,17;12,17;13,35;21,4;27,9.

c1. 1,24-25 - Novo contexto marcado pelo cumprimento da profecia de Jesus.

A estrutura tem como centro 1,20b-21. A ação divina tem por finalidade vencer o medo, usando a fórmula “não temas” (cf. Mt 10,26, “portanto, não tenhais medo deles”). A mudança de atitude, da situação de exclusão para o acolhimento de Maria, é o movimento pelo qual o povo pecador será salvo.

A Primeira leitura: Is 7,10-14

Este é um texto do chamado “Isaías Histórico”, cujo legado profético está fixado dentro do conjunto formado pelos primeiros 39 capítulos do livro. Isaías, que atua nos anos que antecedem ao cerco do Império Assírio a Jerusalém (701 a.C.) é uma pessoa próxima à corte e ao Templo, muito provavelmente um sacerdote e conselheiro do rei, que se pronuncia durante a reforma de centralização religiosa promovida pelo rei Ezequias (cf. 2 Rs 19,20-34). Ele é contemporâneo de Miquéias tendo, inclusive, um texto em comum (Mq 4,1-4 e Is 2,1-4). A vocação de Isaías acontece dentro do Templo (Is 6,1-6), mas anuncia o fim da violência dos impérios e da subserviência dos governantes de Israel. Neste texto o alvo é o sucessor de Ezequias, o rei Acaz, que insiste em seguir o caminho que balança entre subserviência e violência. A paz se anuncia através de uma virgem (em hebraico pode ser “moça”, alemah) que conceberá “Emanuel” (Deus-conosco). A mulher, e especialmente mulher jovem, que era vista como uma mercadoria (cf, Ct 8,8-9), ou como ameaça sedutora (Pr 30.19), aqui aparece como protagonista do caminho da Paz. A mulher jovem, geradora desta criança/promessa, é sujeito de um novo tempo de esperança.

 

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da

Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana:

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

Edição: Dr. Vanildo Luiz Zugno

 

ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA E ESPIRITUALIDADE FRANCISCNA

Rua Tomas Edson, 212 – Bairro Santo Antônio – Porto Alegre RS

www.estef.edu.br     [email protected]    facebook.com/estef

Fone: 51-32 17 45 67     Whats: 51-991 07 26 40

 

Roteiro Liturgico

4º DOMINGO DO ADVENTO – 22 de dezembro 2016

O “sim” de Maria e o “sim” de José.

ACOLHIDA

Animador: Irmãos e irmãs, alegremo-nos, o Natal, está chegando. Acendendo a 4ª vela da coroa do Advento, estamos completando uma caminhada de preparação, oração e cultivo interior para acolhermos o Salvador. A liturgia nos apresenta a total sintonia, abertura e fidelidade de Maria e José ao projeto de Deus. Como eles, acolhamos em nosso coração o Deus Menino que vem. Acompanhemos a procissão de entrada, cantando.

ATO PENITENCIAL

Animador: Para que Jesus Cristo possa nascer e viver em nosso coração, trazendo-nos sua misericórdia e salvação, é preciso que, com humildade e confiança, acolhamos o seu perdão. Supliquemo-lo, cantando.

LITURGIA DA PALAVRA

Animador: Deus preparou o seu povo para receber o Messias, nascido de uma Virgem por obra do Espírito Santo. Ouçamos com atenção.

1ª Leitura: Is 7,10-14

Salmo responsorial: O Rei da glória é o Senhor onipotente; abri as portas para que ele possa entrar!

2ª Leitura: Rm 1,1-7

Evangelho: Mt 1,18-24

REFLEXÃO

- Aproximando-nos da solenidade do Natal, a liturgia nos convida a olhar para dois personagens muito importantes na história da salvação: José e Maria. Ambos são modelos de humildade, fidelidade e de justiça, elementos essenciais para que o Natal não seja apenas mais uma festa de final de ano, mas o seu espírito se prolongue por todos os dias de nossa vida.
Isaías nos fala de um grande sinal: “Uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel”. É um sinal estranho e confuso, porém, grandioso. O grande apelo deste domingo é que estejamos atentos aos sinais dessa presença de Deus conosco. Todos os dias Deus emite inúmeros sinais na nossa vida, mas nem sempre percebemos. Às vezes a nossa insensatez, nossa falta de fé e senso de justiça nos impede de percebê-los.
- Paulo, nos fala da obediência na fé. A mesma fé e senso de justiça que levou José a aceitar Maria como esposa depois do anúncio de que ela estava grávida. Estamos acostumados a refletir sobre o sim de Maria, mas hoje é o sim de José que ecoa em nossos ouvidos. José e Maria estão sintonizados. Ambos tiveram dúvidas, receio, medo, insegurança e outros sentimentos humanos quando o Anjo lhes anunciou a gravidez. Porém, ambos, pela fé, por serem pessoas de Deus, tiveram a atitude mais acertada, aceitando a vontade de Deus. Para ouvir e entender a voz de Deus, é preciso que sejamos como José, pessoa justa, sem maldade no coração. O sim de José e Maria possibilitou que Jesus nascesse para a humanidade. O nosso sim a Deus possibilitará que Jesus continue presente entre nós. O sim de José e Maria representou um compromisso com Deus e a humanidade. Nosso sim também representa um compromisso semelhante. Somente quem diz sim a Deus consegue dizer não às coisas que não são de Deus. Para celebrar verdadeiramente o Natal do Senhor, é preciso dizer sim a ele e não às coisas que desagradam a Deus.

PRECES DA COMUNIDADE

Animador: Jesus irá chegar! Confiantes, após cada súplica, cantemos: Vem, Senhor Jesus, o mundo precisa de ti!

1 – Vem, Senhor Jesus, caminhar com nosso Papa Francisco e com toda Igreja, na missão de anunciar o evangelho da justiça, da paz e da fraternidade, cantemos.

2 – Vem, Senhor Jesus, iluminar todas as lideranças de nossas comunidades para que sejam protagonistas na vivência da solidariedade, da partilha, da transformação da sociedade, cantemos.

3 – Vem, Senhor Jesus, amolecei o coração endurecido de tantos contaminados pelo egoísmo, ganância, indiferença e intolerância, cantemos.

4 – Vem, Senhor Jesus, olhai por todos os excluídos, desempregados, enfermos e abandonados e tornai-nos solidários e comprometidos com todos, cantemos.

 

OFERTÓRIO

Animador: Pão e vinho são transformados no corpo e sangue de Cristo. Neste ofertório, entregamos nosso coração para que se transforme num presépio acolhedor de Jesus Cristo presente em cada irmão e irmã. Cantemos.

 

COMUNHÃO

Animador: Maria guardava no silêncio o mistério de Deus. Que ela nos ajude a participar dignamente desta Eucaristia, nossa força e alimento. Cantemos.

 

 

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