Francisco Ferrer: a essência da solidariedade
Administrador chegou a morar no hospital para entender melhor o funcionamento da instituição
A imagem da bola suja de lama batendo nos lençóis brancos que a mãe tinha acabado de colocar limpos no varal ainda é viva na memória de Francisco Soares Ferrer (60). E o filho garante que dona Diema levava tudo com tranquilidade. “Ela era de um espírito fantástico! Dava aquela chamada, mas retirava, lavava e o jogo não parava”, lembra Ferrer, sorrindo.
As partidas de futebol eram rotina quase que diária para o menino e sua turma. E era ele quem organizava os campeonatos no quintal da casa onde morava, em São Gabriel (RS). Chamava os amigos, os vizinhos e até times de outros bairros para as disputas.
Com a mãe, ele aprendeu a solidariedade. Com o esporte, o senso de liderança. Talvez não soubesse, mas esses seriam os elementos que guiariam sua jornada, dali em diante.
Ferrer administrou a Santa Casa de São Gabriel e trabalhou no escritório da Sociedade Beneficente São Camilo que administra 18 hospitais filantrópicos no Rio Grande do Sul. Para ele, a área da saúde sempre foi sinônimo de paixão. Há 29 anos, o gabrielense administra o Hospital Pompéia, um dos maiores da Serra Gaúcha.
Quando assumiu o desafio, Francisco Ferrer literalmente morou na instituição, por três meses. Queria entender melhor o funcionamento do hospital que, à época, tinha endividamento seis vezes superior ao faturamento. “Convivi com as pessoas, acompanhei o Pronto Socorro que, na época, também fazia a pediatria com enorme volume de atendimento. Uma sobrecarga que não cessava. E, muitas vezes, durante a noite eu me postei observando os colegas funcionários, o atendimento médico, e aquilo permitiu promovermos uma mudança que resultou em melhoria significativa no quadro econômico-financeiro da organização e também de modelo assistencial”, lembra. Em oito meses sob nova administração, o Pompéia superou a sua maior crise.
Muito disso por conta da solidariedade dos funcionários, afirma Ferrer. Unida a outros princípios que se tornaram marcas da instituição, segundo ele. “Caridade, amor, solidariedade e bem servir. Todo o serviço de humanização nasce desses princípios e valores”.
Nesse domingo (12), o Hospital Pompéia completa 105 anos. É referência em urgência e emergência e alta complexidade para 49 municípios que integram a 5ª Coordenadoria Regional de Saúde. O Pompéia faz cerca de 85 mil atendimentos ambulatoriais por ano e 15 mil cirurgias anuais. “Nesses 105 anos, o Hospital cresce e avança, mas mantém continuidade daquilo que a gente sabe que é essência”.
Clique no podcast para conhecer mais histórias de Francisco Ferrer e do Hospital Pompéia, entidade sem fins lucrativos que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
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