O ator Davi de Souza, que dá vida à hilária e irreverente personagem Dona Bastiana foi o entrevistado do programa Conectado Perfil , da Tua Rádio São Francisco, na manhã do último sábado (06). Entre momentos de risos e emoção, Davi contou sua trajetória de vida.

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Davi de Souza nasceu em Caxias do Sul em 22 de outubro de 1974. È caso com Bruna Alves e pai de Miguel e Heitor. Estudou na escola Abramo Pezzi e teve uma infância divertida, segundo ele. É filho da dona Ruth e do seu João Batista. O casal teve seis filhos. Um dos irmãos de Davi teve encefalite e morreu aos sete anos de idade. Dona Ruth não sabia que estava grávida de Davi. “Minha mãe dizia que não existe dor maior, mas que Deus deu um presente pra ela no mesmo ano, que foi descobrir que estava grávida”, conta. E, como o destino prega peças, após alguns anos, Davi soube que estava com a mesma doença que vitimou o irmão. “Eu descobri ali que eu gostava muito de hospital, e quanto que o riso é importante pra melhora da saúde mental e física”.

Davi conheceu os primeiros textos de teatro na casa da prima de um amigo. Ele foi convidado para um teste no Abramo Pezzi. Davi ganhou o papel para ir a Venâncio Aires. “Eu acordei no outro dia era uma da tarde e me atrasei. Ali eu pensei ‘perdi a grande oportunidade da minha vida’”. Um ano depois ele encontrou a mesma pessoa, que lhe convidou novamente para um curso de teatro. “Eu fiz e descobri que eu queria aquilo pra minha vida”. Após esse período, Davi foi para a Tem gente Teatrando. “Minha irmã Eliana e minha mãe Ruth disseram ‘a gente acredita em ti’”, relembra.

Foram quase oito anos de muito aprendizado na Tem Gente Teatrando. “Uma pessoa que eu tenho extremo carinho e agradecimento é a Zica, que acreditou e me ensinou. A melhor escola foi ali. Muito eu bebi daquela fonte”.

Dona Bastiana

Uma das personagens mais icônicas de Caxias, sem dúvidas, é a Dona Bastiana. Existia um grupo dentro da Tem Gente Teatrando que estava montando um espetáculo infantil para adultos, chamado Rapunzel, corpinho de mel. Nessa história teriam dois contadores, porém Davi não fazia parte do elenco. Um diretor de Porto Alegre veio dar assessoria de direção. “Ele disse que ao invés de dois contadores, poderia ter duas velhas tomando chazinho e contando a história da Rapunzel. Aí eu fui chamado pra fazer uma das velhas”, lembra.

Davi, porém, não tinha relação com suas avós. Ele então começou a pesquisar senhoras. “Minha mãe foi uma das primeiras vítimas”, conta. Outra inspiração foi a Dona Bastiana, conhecida benzedeira do bairro Floresta. “Um mês antes do espetáculo, eu ainda não tinha certeza dessa personagem. Aí eu fui fazer o teste de maquiagem com o Pepe Pessoa e fiz umas caretas. Quem desenhou a cara da Bastiana foi o Pepe. Ela é um pouquinho de muitas mulheres que apareçam na minha vida”.

Médicos do Sorriso

Davi sempre nutriu um respeito e carinho pela figura do palhaço. Em um determinado dia ele foi fazer uma regressão de vidas passadas e, no caminho, encontrou um cartão postal dos Doutores da Alegria. “Tinha 30 ou 40 palhaços de jaleco e eu pensei que então dava pra ter palhaço em hospital. Ali eu comecei a pesquisar sobre os Doutores da Alegria. Foi a Marivânia, que hoje é responsável pelo Guia de Caxias, que me deu o start pra começar”.

Davi tinha a certeza que faria um projeto, porém sabia que para ser palhaço, era preciso estudar muito. Ele então descobriu uma professora em Taquara e Porto Alegre que estava dando curso de palhaço, a Ana Elvira Wuo. “Conseguimos aprovar um projeto e trazer a Ana pra Caxias. Ela ficou uma semana em Caxias. Foram 80 horas de curso, trabalhando intensamente. Eu fico feliz de ser o pioneiro de trazer o primeiro curso de palhaço em Caxias”.