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Véra Stedile Zattera: o encanto da costura

por Jeferson Ageitos

Figurinista trabalha para preservar os usos e costumes da Serra Gaúcha por meio do vestuário

Foto: Jeferson Ageitos

Para ela, o caminho sempre foi o da costura. Um trabalho e um lazer que se traduzem em satisfação ao ver as pesquisas virarem peças do vestuário que retratam os usos e costumes da Serra Gaúcha. Véra Stedile Zattera é figurinista, pesquisadora e professora. Especialista em assuntos relacionados às culturas do gaúcho, do Conesul e da migração italiana no Rio Grande do Sul.

Em 50 anos de história profissional, criou milhares de trajes típicos que remetem aos temas. Recentemente, confeccionou os vestidos das soberanas da Festa da Uva 2019, maior evento comunitário da Serra Gaúcha. “É uma forma de eu colaborar com a Festa da Uva. O histórico dos trajes da Festa fez parte de um trabalho bem profundo de 25 anos de pesquisa que foi editado num livro que se chama Figurinos de Vindima”, destaca. A obra é referência sobre o assunto e está nas prateleiras de várias bibliotecas da região.

Véra também confeccionou os trajes das princesas e rainhas das edições 2000 e 2014 do evento. Criou outras dezenas para jovens que concorreram ao título de soberanas da Festa. Cada detalhe aplicado aos vestidos é fruto de muita pesquisa. As viagens para o exterior também rendem. “Esses tecidos das saias das princesas atuais e o tecido que está no avental e na barra da saia da rainha eu trouxe da Casa dos Cardeais de Roma. É um encantamento que eu tenho com os tecidos. Eu acho que eu tenho um probleminha com tecidos (risos). Quando eu vi nas araras da loja, eu pensei: ‘Nossa! Isso para a Festa da Uva vai ser um show’. Eu já vejo o traje pronto”, diz.

O caminho não foi fácil. Véra iniciou estudos de costura numa época em que havia pouca bibliografia sobre o tema. Buscou obras na França e Itália, principalmente. “Nada tratava da arte têxtil (o trabalho de bordados, rendas, ...) Me atirei em estudos para poder desenvolver essa área”.

A paixão pelo tema sempre ajudou. Véra costuma dizer que nasceu com o dom da costura. Aos três anos de idade, já bordava. Aos cinco, começou a fazer toalhas de cobrir pão. Dedicada e exigente. Aos poucos, especializou-se. Ao longo dos anos, tornou-se referência a quem procura entender o assunto.

Uma das grandes conquistas é a mostra Documenta, acervo de mais de duas mil peças sobre os usos e costumes regionais. Peças planejadas e costuradas por Véra que doou tudo para a Universidade de Caxias do Sul (UCS). Atualmente, a mostra está montada de maneira provisória no Campus 8 da instituição de ensino. “Eu acho que não adianta eu guardar isso tudo para mim. O empenho de uma vida inteira para pesquisa tem que ser divulgado. Tem que ser dada a oportunidade que as outras pessoas conheçam também. Eu sempre digo que nada na gaveta ensina. Tem que colocar fora da gaveta, colocar à mostra”.

Ouça no podcast a entrevista completa com Véra Stedile Zattrera, profissional que se dedica a preservar a história do vestuário da Serra.

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