Histórias da neve que parou Sarandi em agosto de 1965
Nos dias 20 e 21 de agosto de 1965, Sarandi ficou coberta de neve
A 50 anos uma grande nevasca , em 1965 , cobriu de branco o Noroeste e o Planalto do Rio Grande do Sul, em algumas cidades a neve chegou a 50 cm conforme relatos da imprensa na época . A maior nevasca ocorrida nos últimos cem anos na região Sul do Brasil com grande parte do RS e SC cobertas de gelo, perecendo, segundo a imprensa em 1965,” com uma paisagem da Europa Continental “
Nos dias 20 e 21 de agosto de 1965, Sarandi foi coberto de neve, registros fotográficos comprovam os relatos de quem viveu aqueles dias gelados e que paralisaram Sarandi. Moradores da cidade e interior tem centenas de historia sobre aqueles dia. Uma historia especial envolveu a família Gelain , lembranças que misturam surpresa e medo.
Mario Gelain, na época com oito anos, vivia na localidade de Pinhalzinho, interior de Sarandi, com o pai Victor e a mãe Advirges e mais 12 irmãos lembra que por volta das cinco horas do dia 20 de agosto de 1965 sua irmã Olinda acordou os irmãos que estavam em um galpão distante de casa, na lavoura, gritando que “ estava caindo penas de galinha do céu”. Mario lembra que deixaram no local a carroça e ferramentas e voltaram para casa com muita dificuldade pois a estrada já não era mais identificada devido a neve.
Gelain diz que os bois e porcos tentavam com muita dificuldade retirar a neve para encontrar pasto para comer, lembra que até chegar em casa realizavam paradas em baixo das arvores onde ainda não havia neve “ e a gente batia os pés para esquentar e continuar caminhando” . “ Ficamos sem lenha e queimamos rodas de carroça para fazer fogo” lembra ele que acrescenta, “ ficamos três dias trancados em casa, rezando e chorando de medo”. Mario recorda que o maior medo era de que o telhado da casa não suportasse o peso de neva durante a madrugada pois os telhados do paiol, estrebaria e chiqueiros já haviam caído. Ele diz que á noite o medo era maior pois as arvores não suportavam o peso da neve quebravam fazendo muito barulho e assustando.
Outra lembrança triste, segundo Gelain, foi a morte de pássaros e outros animais, ele recorda que algumas aves entravam na casa para fugir do frio mas, acrescenta, “ a neve foi um remédio para outras coisas, por uns três anos não foram vistos mosquitos, ratos e baratas”. Ele recorda de seu pai Victor e seu caminhão na época com a carroceria cheia de neve(foto), registro que encontrou nos pertences do mesmo após seu falecimento onde também foi encontrado um jornal da época com as noticias da neve e várias fotos.
(Texto: José Leal, publicado em 2013 no Jornal Folha da Produção.
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