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Estudo aponta perspectivas positivas para agropecuária do RS e incertezas na indústria e serviços

por Pablo Ribeiro

Documento produzido pelo Departamento de Economia e Estatística analisa questões da conjuntura internacional, brasileira e do RS

Foto: Camila Domingues/Arquivo Palácio Piratini/Divulgação

Por um lado, retomada da produção agrícola e preços das commodities em alta, por outro, cenário incerto em relação à evolução da pandemia no curto prazo, às medidas necessárias para combater seus efeitos econômicos e ao impacto que elas poderão causar no comércio, serviços e indústria. As perspectivas para o Rio Grande do Sul trazidas no Boletim de Conjuntura, divulgado nesta quinta-feira (22/4), apontam para um cenário de incertezas nos próximos meses.

Elaborado pelos pesquisadores Fernando Cruz, Martinho Lazzari, Tomás Torezani e Vanessa Sulzbach, do Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG), o documento traz estimativas para um cenário mais positivo na agropecuária do Estado em 2021, uma reversão de tendência. Na sua edição anterior, o Boletim relatava uma previsão climática que apontava o risco de nova estiagem, mas as chuvas dos meses de janeiro e fevereiro eliminaram a preocupação. Com a nova projeção no campo, as atenções ficam agora concentradas nas medidas econômicas e sanitárias definidas em função da pandemia.

"Apesar das perspectivas positivas vindas da agricultura, é a evolução da pandemia que vai acabar ditando o ritmo da atividade econômica gaúcha nos próximos meses", destaca Vanessa, coordenadora do estudo.

Ouça AQUI a entrevista à Tua Rádio São Francisco.

Cenário externo

O Boletim ressalta no primeiro bimestre de 2021 o avanço das campanhas de imunização e das medidas adicionais de apoio econômico nos países avançados, e ao mesmo tempo trata do ritmo mais lento da vacinação e das menores condições de apoio financeiro dos países emergentes. Após queda estimada de 3,3% da economia global em 2020, a perspectiva é de uma recuperação na casa dos 6% neste ano, puxada por países como os Estados Unidos, que apresentou um plano robusto para contrapor os efeitos da pandemia.

A retomada do comércio mundial e da produção industrial, que já recuperaram os níveis pré-pandemia, deve seguir ganhando força. Conforme o documento, os estímulos econômicos nas economias avançadas devem manter os preços das commodities em alta, sobretudo as agrícolas, o que tende a beneficiar o Rio Grande do Sul.

Cenários nacional e local

A disseminação da Cepa mais contagiosa do coronavírus fez a perspectiva de recuperação da economia brasileira em 2021 ser revisada. Se em janeiro a estimativa era de uma alta de 3,40% em 2021 e 2,50% em 2022, a projeção em abril caiu para 3,17% em 2021 e 2,33% em 2022, de acordo com o Boletim Focus do Banco Central. Os primeiros dados sobre o andamento da economia em 2021 também mostram a continuidade da recuperação do setor industrial do país, ainda que com taxas mais tímidas se comparado com o último trimestre de 2020. Já o fim do auxílio emergencial é uma das justificativas para o fraco desempenho dos setores de Serviços e o Comércio.

"A rodada adicional do auxílio a ser paga a partir de abril, com valores inferiores aos de 2020, podem contrabalançar esse cenário, ainda que de forma limitada. Ademais, o ritmo lento de vacinação tende a impor maiores restrições à trajetória dos setores e da economia como um todo", avaliam os pesquisadores.

No Rio Grande do Sul, após um ano em que, além da pandemia, a estiagem também afetou fortemente a economia, os dois primeiros meses de 2021 mostraram um avanço da indústria, com alta de 8,4% até fevereiro, tendo destaque os setores de máquinas e equipamentos, produtos de metal, químicos e de borracha e plástico. No entanto, a previsão é de que este fôlego não se mantenha por muito tempo.

A perspectiva é a mesma para o comércio, que sofreu forte queda já no primeiro bimestre, com baixa de 9,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. A baixa no Estado foi mais intensa do que a registrada no país no mesmo período (-2,1%), de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE.

"Se, por um lado, a volta do auxílio emergencial trará um acréscimo de renda, e por consequência, de consumo, as medidas adotadas para refrear os efeitos da pandemia geram um quadro de incerteza para a indústria e, principalmente, para o comércio e os serviços", conclui Vanessa.

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