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Amando quem se foi de outra maneira

Neusa Picolli Fante

 

Me parece que o “modo sofrimento” está ligado nos últimos tempos. Pessoas presas numa dor que não compreendem, e nem conseguem administrar perambulam pela vida. Diante de amores que se foram, dizem: “A dor se repete, ela volta, por anos até em alguns casos...por quê?”

Será que é porque não cuidamos dela? Ficamos presos na dor para não deixar o amor ir embora ou porque não aprendemos que precisamos amar quem se foi de uma nova maneira, ou seja, à distância.

Lembro que depois de 3 anos da perda, uma mulher se assustou da própria gargalhada como se não tivesse mais o direito de sorrir após a perda. Disse ela: “Me senti culpada por estar sorrindo e ele se foi”. E eu lhe expus: “Sorria como uma forma de homenagear quem se foi, de continuar amando-o hoje de outra maneira”.

É saudável chorar a dor. Olhar pra ela e para a vida também...Movimentos de ficar na perda e se restituir de vida fazem parte... A vida não espera a dor cicatrizar, ela nos empurra pra que continuemos a andar...

Assim seguimos olhando com carinho para nossas perdas. Amando-os hoje de uma nova maneira e homenageando-os através das tentativas de viver cada vez melhor e através disso agradecendo o que vivemos juntos.

 

 

 

Sobre o autor

Neusa Picolli Fante

Psicóloga Clínica e Especialista em Teoria, Pesquisa e Intervenção em Luto. Graduada em Comunicação Social.  Autora do livro Caminho dos Girassóis: Uma abordagem sobre o luto, Dor sem Escuta, Entrelinhas da Vida, Quintais da Minha alma.

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