Desde o nascimento até a morte, o homem traz dentro de si a necessidade de ser feliz. Nem sempre a encontra, às vezes se decepciona. Mesmo assim continua na busca da felicidade. Assim foi a vida de João Felizardo.

Inicialmente ele consegue emprego numa fazenda. Ele é feliz porque gosta de trabalhar e o patrão lhe dá cama, comida e roupas. Quando deixa o emprego, depois de sete anos, ele ganha uma barra de ouro como recompensa. Agora sim, pensa ele, sou completamente feliz. Pelo caminho encontra um cavaleiro em seu garboso cavalo. Felizardo duvida de sua barra de ouro e propõe a troca com o cavalo. Aceita a troca, ele se dá conta que agora é feliz. Mais adiante troca o cavalo por um vaca, esta por um porco, o porco por dois gansos e, finalmente, troca os dois gansos por três pedras de amolar. Cada vez, João se alegra com a troca. No fim do dia, cansado e com muita sede, senta-se à beira do caminho. Ele se descuida e as pedras rolam caindo na água.

E João, de joelhos, agradece a Deus por lhe ter mostrado a única coisa que faltava. Ainda de joelhos, com as mãos em concha, sorve água pura e fresca e, depois segue seu caminho, sem o ouro, sem o cavalo, sem a vaca, sem os porcos, sem os gansos, sem as pedras, mas repleto de felicidade.

João Felizardo – conto dos irmãos Grimm – é uma mistura de ingenuidade e inteligência. Toda vez ele arranja um novo modo de se alegrar. O ouro representa a riqueza, o cavalo a glória, a vaca é imagem da fertilidade, o porco é símbolo dos prazer vulgar, os gansos de prazeres mais refinados, finalmente, as pedras o trabalho de cada dia. Somente a água atinge seu interior e se faz vida, possibilitando a caminhada em direção à casa paterna.

Na história humana, muitos fizeram este experiência. É o caso de Francisco de Assis, Charles de Foucauld, Teresa de Calcutá. Eles encontraram a felicidade onde não parecia estar. O Evangelho narra a história de um mercador que vende tudo que possui, para adquirir um tesouro ( Mt 13,44) Na aparência faz um mau negócio, mas o tesouro o faz definitivamente feliz.

Frei Aldo Colombo

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