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Visita do papa Francisco dará visibilidade a indígenas amazônicos

por Marco Aurélio Santana

Na chegada do dia 19,  terá um encontro com os povos da Amazônia, oportunidade para as comunidades locais darem visibilidade ao seu modo de vida e às suas lutas. “O povo indígena amazônico tem um clamor, uma reinvindicação: suas terras ancestrais estão sendo cada vez mais invadidas. Seus territórios naturais, de seus antepassados, são cada vez mais reduzidos”, afirmou no texto o porta-voz do Vicariato Apostólico de Puerto Maldonado para a visita papal, padre Manuel Jesús Romero.

 

Os meios de vida com os quais os povos amazônicos têm sobrevivido durante tantos séculos – a pesca, a caça, as árvores, os rios – estão cada vez em maior perigo, afirmou Romero. “Portanto, suas vidas correm perigo”, resume.

Padre Manuel faz referência à encíclica do papa Francisco Laudato Si’ – sobre o cuidado da casa comum, na qual o pontífice aponta a Amazônia e a bacia do Congo como dois “pulmões do planeta repletos de biodiversidadede”. Refletindo sobre a área latino-americana, indica que durante muitos séculos seus povos originários, nativos, têm sido os que tem cuidado desse espaço.

“A chamada de atenção é precisamente esta. Por isso, estamos convencidos que o papa vem visitar aos mais pobres entre os pobres da Amazônia, que são precisamente as comunidades e povos indígenas. Estes povos esperam o papa com uma grande esperança. A esperança que seus filhos e netos, também possam participar e viver da natureza e no ambiente em que viveram também seus avós”.

Puerto Maldonado é a capital da região Madre de Dios, no Peru, e abriga cerca de 38 mil habitantes. Nesta região, há uma realidade particularmente dilacerante, dolorosa e sangrenta, de acordo com padre Manuel Jesús Romero: existe uma crise socioambiental única e complexa, assim como aponta o papa Francisco na Laudato Si’.

“Não se podem resolver os problemas ambientais deixando de lado os problemas sociais, ou o contrário. Por exemplo, para ninguém é um segredo que a mineração ilegal tem seu assento importante em Madre de Dios, na zona de Huepetue, La Pampa, etc. Onde se vive em condições deploráveis. Os mineradores ilegais operam em terras que pertenciam aos povos indígenas. Mas, nessa região que há muita pobreza e miséria, existem pessoas que vêm de outras zonas de miséria e pobreza. Portanto, se os problemas sociais não se resolvem nos lugares de origem, nas montanhas e nas serras, então, não se vão resolver os problemas em Madre de Dios”.

A crise socioambiental só será resolvida de maneira conjunta, em diálogo e com um compromisso de todos os envolvidos, afirma padre Manuel Jesús, “porque há muitos interesses em jogo: o interesse dos madeireiros, dos mineradores de ouro, dos comerciantes, o interesse das comunidades, das autoridades, o interesse da corrupção que se foi criando em torno desde mundo. Tudo isso exige uma mesa de acordo e de diálogo, onde nos imponhamos tarefas para resolver e avaliações para leva-las a cabo”.

O papa Francisco, conclui o padre, quer se aproximar dessa realidade que, no fundo, se trata de um problema de sobrevivência futura. Pois, assim como outras regiões da Amazônia nas quais o povos e a floresta sofrem com investidas de exploração, “Madre de Dios não tem futuro a médio prazo neste nível de destruição, de desflorestamento, de depredação do meio”.

Francisco deve chegar ao Peru por volta das 10 horas da manhã de sexta, 19. Depois das saudações protocolares, da parte de autoridades locais e eclesiais, receberá também o carinho da infância missionária e de líderes indígenas. Por volta das 11h da manhã, no Coliseu da cidade, terá o esperado encontro com as comunidades nativas. O pontífice deve escutar as comunidades e lhes dirigirá uma mensagem de ânimo, de solidariedade e de esperança. Em seu roteiro de viagem a Puerto Maldonado, o papa almoçará com representantes dos povos nativos e comunidades, antes de retornar à capital do país, Lima.

Delegação brasileira
O arcebispo emérito de São Paulo (SP) e presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Cláudio Hummes, irá ao Peru para a visita do papa Francisco. Dom Cláudio é o presidente da Repam e estará acompanhado da assessora da Comissão para a Amazônia, irmã Maria Irene Lopes dos Santos. Também estará presente o arcebispo de Porto Velho (RO) e presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), dom Roque Paloschi, que deve fazer um pronunciamento durante o encontro.

Caravanas de Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC) estão organizadas com cerca de cem indígenas para participar desta que é a quinta visita de Francisco à América Latina. O papa já esteve no Brasil (2013), na Bolívia, no Equador e no Paraguai (2015) e no México (2016).

por João Carlos Romanini

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