Frei Rovílio Costa é homenageado com nome de rua em Porto Alegre
Um reconhecimento ao 'Frei dos Livros' e precursor do talian
A capital dos gaúchos presta homenagem a frei Rovílio Costa ao denominar uma rua com seu nome, nas proximidades da Vila Farrapos (próximo a Arena do Grêmio). A cerimônia ocorreu nesta quarta-feira, 3, às 18h, na Capela da Câmara Municipal de Porto Alegre. A solenidade contou com a presença do frei Agemir Bavaresco e do frei Zelmar Antônio Guiotto, que estiveram acompanhados pelo monsenhor Urbano Zilles.
De autoria do vereador João Carlos Nedel (PP), a iniciativa visa homenagear o “Frei dos Livros” e precursor do talian, língua utilizada pelos imigrantes italianos, especialmente na região Sul do país e reconhecida desde 2014 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Referência Cultural Brasileira. Para os Capuchinhos, que este ano celebram 120 anos de presença no Rio Grande do Sul, esta homenagem representa o reconhecimento da fé e das qualidades humanas, além da vasta produção literária e editorial de frei Rovílio.
Saiba quem foi frei Rovílio Costa
Natural de Veranópolis (RS), Frei Rovílio foi ordenado sacerdote em 1960, tendo atuado na região em Ipê, Antônio Prado e na capital Porto Alegre; faleceu em 2009, aos 74 anos. Licenciado em Filosofia e Pedagogia, mestre em Educação e com o título de livre docente em Antropologia Cultural, defendeu a tese sobre “Antropologia visual da imigração italiana” (Ufrgs, 1976). Durante mais de uma década foi professor e formador em vários seminários.
A partir do início dos anos 1970 dedicou-se às letras, ao mundo editorial e a pesquisa e resgate dos valores da cultura da imigração italiana. Em 1972 criou a Edições EST (Escola Superior de Teologia), dirigindo-a por 37 anos, período em que fez cerca de 2.600 edições e reedições, tornando-se “El frate dei libri” – o frade dos livros, um nome fundamental na vida cultural de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Integrou o Conselho Estadual de Cultura do RS e inúmeras academias, como a Academia Riograndense de Letras. Recebeu centenas de honrarias, entre elas, o título de “Cavagliere Ufficiale dell’Ordine al Mérito della Repubblica Italiana” (1990), “Premio Ilha de Laytano” pela edição de “Assim vivem os Italianos”, a Comenda “Negrinho do Pastoreio”, do governo do RS, e o título de “Cidadão de Porto Alegre” (1985). Em 2005, foi patrono da 51ª Feira do Livro de Porto Alegre. Escreveu mais de 20 obras no campo da educação, da psicologia, da antropologia e clássicos da imigração italiana no RS. Era colaborador de inúmeras publicações, mas especialmente do Jornal Correio Riograndense, onde respondia pela página Imigração (Vita, Stòria e Fròtole, El Ritorno de Nanetto Pipetta e Etnias).
Apesar do reconhecimento, viveu de forma humilde, pobre e em total desprendimento em meio a um intenso trabalho intelectual – soube como poucos unir fé e cultura - encontrava tempo para rezar, pregar, escutar as pessoas, visitar os doentes, atender os jovens e ministrar os sacramentos. A grande obra foi sua própria vida, seu estilo, sua irreverência, sua alegria e simplicidade franciscanas. Viveu a fé servindo acima de suas próprias forças. “Eu preciso cuidar dos outros até o fim”, dizia quando lhe pediam cuidados com a própria saúde, abalada pelo tratamento contra o câncer e diabetes. Sempre afirmava: “Deixei de escrever meu grande livro, para ajudar a muitos escreverem seu pequeno grande livro. ”
Exposição sobre devoção
Na ocasião, abre a exposição de arte “Vida, Doçura, Esperança” – Arte e Devoção em Família, no T Cultural Vereadora Tereza Franco, na Câmara Municipal de Porto Alegre. O artista Rodrigo Schiffner, sua esposa Helena e filha Maria Clara expõe aquarelas, desenhos e porcelanas com temática religiosa, como igrejas e santos. A mostra poderá ser conferida de segunda à sexta, das 9h às 18h, até o dia 12 de agosto. A entrada é gratuita.
Rodrigo Schiffner é arquiteto e aquarelista. Seu trabalho caracteriza-se pelo registro de construções e aspectos da paisagem urbana na busca do valor imaterial das edificações, principalmente das sagradas. Helena Petersen Schiffner é publicitária e artesã, já tendo desenvolvido trabalhos de desenho animado com Otto Guerra e de cerâmica com Miriam Benz. Após contato com a técnica de pintura sobre porcelana em 1999 na Espanha, hoje em dia Helena se dedica à produção de desenhos e pinturas em louças. Maria Clara, a “Caiaia”, é filha do casal.
Comentários