Dilma Rousseff pede que senadores votem com consciência
Presidente afastada disse que, caso venha a perder o cargo, o país terá uma ferida 'difícil de ser curada'
A presidente afastada Dilma Rousseff participou nesta segunda-feira, 29, de uma sabatina no Senado. No total, 48 senadores se manifestaram com questionamentos ou com manifestações contrárias ou de apoio a Dilma. A sessão de sabatina durou pouco mais de 12 horas.
Em sua última fala durante a sabatina do processo do impeachment no Senado, a presidente afastada Dilma Rousseff pediu para que os senadores votem com “consciência”. Dilma voltou a afirmar que não cometeu crime de responsabilidade e que, caso venha a perder o cargo, o país terá uma ferida “difícil de ser curada”. A sessão, foi encerrada um pouco antes da meia-noite.
Dilma falou, após o seu advogado de defesa, José Eduardo Cadorzo, que abdicou de fazer questionamentos à presidente que começou agradecendo a atenção dispensada pelos senadores e dizendo que a disputa política é normal, mas que o processo de impeachment não faz bem para o processo democrático brasileiro. “Tentar inventar crimes de responsabilidade onde não existe e tentar transformar o Orçamento, a execução do gasto público em um espaço de disputa ideológica que não tem consequência para o bem do país, acredito que temos maturidade suficiente para superar esse processo que não faz bem para o país”, disse.
A acusação diz que ela cometeu crime de responsabilidade ao editar três decretos de suplementação orçamentária sem autorização do Congresso e no atraso do pagamento de repasses do Banco do Brasil para programas do agronegócio e da agricultura familiar oriundos do Plano Safra, as chamadas pedalas fiscais.
Dilma chegou ao Senado por volta das 9h. Logo após subiu na tribuna e fez um discurso que durou cerca de 45 minutos. Nele Dilma disse que não estava lutando por seu mandato, mas pela “democracia, verdade e justiça”. Ela disse que, caso o impeachment venha a ser aprovado, será um golpe parlamentar. “Estamos a um passo da consumação de uma grave ruptura institucional, estamos próximos da concretização de um verdadeiro golpe de estado”, disse.
A presidente afastada também contestou o argumento de que estaria perdendo o cargo pelo “conjunto da obra” de seu governo. “Não é legítimo. Quem afasta o presidente por conjunto da obra é o povo, e só o povo, nas eleições”.
Dilma chamou de “usurpador” o governo do presidente em exercício Michel Temer e afirmou que, caso ele se torne definitivo, será fruto de uma “eleição indireta”.
No encerramento, a presidente afastada pediu votos aos senadores. “Não aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a crise brasileira. Peço que façam justiça a uma presidente honesta que jamais cometeu qualquer ato ilegal na vida pessoal ou nas funções públicas que exerceu.”
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