Governo Leite avalia se possui votos necessários para aprovar reforma da previdência dos militares
Piratini enfrenta resistência entre aliados ao projeto que prevê alíquotas crescentes
Sem certeza de possuir votos necessários à aprovação da reforma da previdência dos militares, o governo do Rio Grande do Sul estuda o melhor momento para levar o projeto ao plenário da Assembleia. O texto entra na pauta de votações a partir da terça-feira (9) e, se houver garantia de vitória, será votado na sessão que começa às 14h.
O entrave do Palácio Piratini está no PTB. Embora o partido do vice-governador Ranolfo Vieira Júnior seja um dos mais fiéis na base governista, a bancada se mostra contraria a proposta do governo, ameaçando a aprovação. O argumento era de que a área da segurança, chefiada por Ranolfo e considerada pelos deputados a mais bem-sucedida da gestão, seria penalizada.
Dona de cinco dos 28 votos necessários, a legenda chegou a pedir a retirada do regime de urgência, hipótese rejeitada pelo governo. Aos poucos, a resistência teria diminuído nos últimos dias, centrada agora sobretudo no deputado Luís Augusto Lara.
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A legenda passou a ser a fiel da balança na votação depois que o MDB confirmou a migração do deputado Edson Brum (MDB) para a Secretaria do Desenvolvimento Econômico. Até então refratário à proposta, sobretudo questionando a constitucionalidade da autonomia dos Estados para definir suas alíquotas previdenciárias, o partido agora afiançou apoio à medida. A sessão desta terça deve inclusive marcar a estreia do quinto suplente, o ex-prefeito de Quinze de Novembro Clair Tomé Kuhn.
A ideia do governo é medir o ambiente durante a reunião de líderes, no final da manhã, para decidir se coloca o texto em votação ou deixa para a próxima semana. A exemplo do que já ocorre com os servidores civis, o projeto prevê alíquotas crescentes conforme a faixa salarial, partindo de 7,5% e chegando a 22%. Em 2020, as contribuições dos militares representaram 10% de todos os benefícios previdenciários pagos à categoria — R$ 528 milhões em receitas, ante R$ 5,21 bilhões de despesas. Já os demais servidores contribuíram com 15% — R$ 1,79 bilhão de arrecadação, ante R$ 11,82 bilhões de desembolso no sistema civil.
Maior partido de oposição, com oito deputados, o PT condiciona voto favorável à aceitação de uma emenda em que isenta de contribuição os aposentados que recebam até o teto do INSS (R$ 6.433,57). O governo, contudo, já anunciou que rejeita a medida por causa do efeito causado na arrecadação. No balanço geral, a previsão é que a aprovação da cobrança progressiva garanta aumento de R$ 200 milhões nas receitas previdenciárias.
Além do projeto dos militares, o Piratini pretende votar nesta terça-feira a manutenção de um veto do governador Eduardo Leite ao texto da reforma tributária aprovado no ano passado. Por um erro na redação final, o Piratini teve de corrigir um dos artigos da legislação. Também estão na lista de prioridades a mudança nas taxas do Instituto-Geral de Perícias, a autorização de rodovias à iniciativa privada e adequações na legislação anticorrupção e que autoriza adesão ao regime de recuperação fiscal da União.
Fonte: Jornal Zero Hora
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