O jacaré de papo-amarelo, espécie ameaçada de extinção, que foi resgatado há cerca de 10 dias na comunidade de São Valentim, em Veranópolis, recebe atendimento no zoológico da Universidade de Caxias do Sul (UCS).

Após exame de imagem, os profissionais puderam visualizar a presença de um projétil de arma de fogo no crânio do réptil. Ele passou por cirurgia para remoção de um olho, perfurado pela bala. Conforme a análise clínica, o disparo foi recente.

O médico veterinário responsável técnico pelo zoológico, Gabriel Guerreiro Fiamenghi, afirma que o jacaré não tem condições de retornar à natureza, por isso, permanecerá no local, recebendo os cuidados necessários. O profissional também afirma que não é rotineiro receber animais como esse. Ele é um macho adulto que tem por característica se deslocar bastante, por isso, provavelmente estava em busca de alimentos.

Nas fezes do animal foram encontrados vestígios de um ratão-do-banhado. De acordo com Fiamenghi, é característico dessa espécie se alimentar com pequenos mamíferos e aves.

“Esse conflito entre humanos e natureza acontece devido a ações como a caça e o desmatamento, que diminuem a quantidade de presas para alimentar animais selvagens. Por conta disso, eles se aproximam de propriedades”, explica.

Centro de recuperação e abrigo na UCS

Além do jacaré de papo-amarelo, foi acolhido no Zoológico da UCS  em março, um filhote  da espécie veado catingueiro (Mazama gouazoubira). O animal, que tem aproximadamente três meses, foi resgatado pela Patrulha Ambiental da Brigada Militar (PATRAM), em Caxias do Sul.

O médico veterinário conta que o filhote ainda não se alimenta de sólidos, recebendo somente leite. Com uma laceração no membro pélvico esquerdo, recebe tratamento e segue em avaliação pela equipe do Zoo.

Atualmente há outros animais, como bugios, gambás e aves, em tratamento. O Zoológico da UCS  funciona como centro de recuperação e abrigo de animais silvestres apreendidos em cativeiro ilegal ou encontrados debilitados, feridos ou órfãos, que após avaliação e tratamento veterinário especializado podem permanecer no local, ser encaminhados para criadouros legalizados ou reintegrados à natureza.

Texto: Daniela Affonso | Tua Rádio Veranense