Nota sobre Hepatites Virais
A Hepatite A é uma doença contagiosa geralmente assintomática e autolimitada, causada pelo vírus HAV. A forma fulminante da Hepatite A é rara. O principal mecanismo de transmissão do vírus da hepatite A é o fecal-oral. A transmissão sexual desse vírus é infrequente.
Entretanto, no último triênio, vêm sendo publicado relatos de casos de transmissão sexual do vírus da Hepatite A em diversos países, 19 deles europeus, além de Taiwan, Israel, Chile e Austrália. Estes relatos apontam maiores taxas de incidência entre populações de homens jovens, em especial aqueles que fazem sexo com homens (HSH). No Brasil, em 2017, foram observados surtos em São Paulo, que apresentou 694 casos (aumento de 906% em relação ao ano anterior) e no Rio de Janeiro, com 119 casos notificados (representando um aumento de 1090% em relação a 2016).
Em Porto Alegre, houve aumento no número de casos (13 casos em 2017 contra 34 casos no primeiro quadrimestre de 2018), predominantemente entre indivíduos do sexo masculino (78%), na faixa-etária dos 20 aos 39 anos de idade (68%). Estes dados são compatíveis com os surtos observados em outros países e no sudeste brasileiro.
Frente a essa situação, evidencia-se um novo cenário epidemiológico que reverte a tendência de queda da doença, sendo imprescindível detectar e notificar rapidamente qualquer caso confirmado de hepatite A, o que possibilitará que as medidas de controle sejam realizadas oportunamente, interrompendo a cadeia de transmissão.
Recomendações:
• Conscientizar os profissionais de saúde a respeito do aumento de casos e a atenção para a sintomatologia compatível com hepatite A;
• Caso seja possível, deve-se verificar a suscetibilidade da pessoa exposta por meio da pesquisa de exame sorológico específico (anti-HAV IgG e anti-HAV IgM). A presença de anti-HAV IgM reagente sugere episódio agudo de infecção por esse vírus. Caso a pesquisa
dos anticorpos seja não reagente, deve-se observar a indicação de vacinação da pessoa exposta, obedecendo-se aos critérios de vacinação para essa infecção dispostos no Manual do CRIE vigente. A presença de anti-HAV IgG reagente demonstra imunidade definitiva da
pessoa exposta e, portanto, nenhuma medida adicional se faz necessária;
• Implementar e desenvolver estratégias de prevenção: prevenir é ter bons hábitos de higiene - o que inclui lavar sempre as mãos após ir ao banheiro, higiene pessoal, além de consumir Quando sintomática, manifesta-se pela presença de cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. A sintomatologia costuma aparecer de 15 a 50 dias após a exposição ao HAV.
somente água tratada e potável, cozinhar bem os alimentos e realizar a limpeza periódica da caixa d'água;
• A transmissão sexual do HAV limita o benefício da prevenção por meio do uso exclusivo de preservativos, devendo-se complementar a prevenção com outras medidas, como a higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais;
• Reforçar a estratégia de vacinação para Hepatite A em crianças de 15 meses até 5 anos incompletos, disponível na rede de Atenção Primária em Saúde (APS);
• Reforçar a vacinação de populações específicas nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIES), tais como: portadores de HIV, Hepatite B e C e demais hepatopatias crônicas, portadores de fibrose cística e transplantados, entre outros;
• Aproveitar a oportunidade para realizar a testagem rápida para as hepatites B e C e verificar status vacinal de Hepatite B.
• Investigar os casos suspeitos e notificar os casos confirmados;
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