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Elevação na taxa de juros é discutida pelo Copon

por Almeri T Angonese

O Banco Central, através do Boletin Focus, anunciou perspectiva de alta de 0,50 ponto percentual na Selic, enquanto o mercado espera 0,25 ponto percentual.

Foto: Divulgação

A Selic (taxa básica de juros) deverá interromper quedas que vem sofrendo desde julho de 2019 na próxima quarta-feira (17), quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) finalizará a reunião iniciada na terça-feira (16), que vai definir a nova taxa de juros oficial. O Boletim Focus desta semana, divulgado na segunda-feira (15), prevê uma alta de 0,5 ponto percentual. Analistas do mercado financeiro apostam em uma elevação entre 0,25 e 0,50 ponto percentual a partir deste mês.

O diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, acredita que o Copom anunciará queda de 0,25 ponto percentual na quarta-feira e sucessivas elevações ao longo do ano. O especialista diz que a taxa básica de juros deve começar a subir justamente no momento no qual o desemprego está muito elevado e a economia está andando de lado e o país registrando queda na atividade econômica. “A previsão é de que o BC comece a subir a Selic de forma gradativa em 2021, mas não seria surpresa se já nesta reunião a elevação fosse de 0,50 ponto percentual”, diz Oliveira.

O diretor da Anefac aponta que “o sobe e desce da taxa básica de juros é uma prática da política monetária. Porém, em qualquer lugar do mundo o Banco Central eleva os juros para conter a inflação no caso da aceleração da economia, por exemplo, as pessoas estão consumindo muito e o BC precisa intervir para conter a inflação. No Brasil, no entanto, a alta ocorrerá no pior cenário. Justamente quando o desemprego está alto e a economia parada”. Além disso, ele justifica a possível decisão do Copom não apenas por causa da alta inflação, mas também por conta de toda a questão fiscal, alta do dólar que impactam na elevação do preço. Oliveira também acredita que as elevações que devem ocorrer a partir deste mês podem ser atribuídas ao aumento dos juros futuros, a expectativa de novas elevações da taxa básica de juros frente a uma inflação maior e devido a provável elevação dos índices de inadimplência.  “Essa provável inadimplência pode ocorrer por causa do fim das carências nos empréstimos, pausas e carência nas negociações de dívidas, ao desemprego elevado e ao fim do pagamento dos auxílios emergenciais, ao aumento da inflação e seus efeitos na renda, e, por fim, a maior seletividade dos bancos na concessão de crédito”, finaliza.

O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, considera a mesma previsão de Oliveira e espera uma alta de 0,25 ponto percentual na Selic. “A pandemia segue piorando muito e obrigando o fechamento das principais regiões produtivas do país”, diz Sanches. Para o economista, no entanto, subir demais os juros agora pode segurar ainda mais os setores de serviços e da indústria. “A conjuntura econômica daqui a duas ou três reuniões permanece muito incerta”.

O economista acredita que diminuir o estímulo econômico neste momento apenas dificultará o processo de recuperação econômica e, de fato, empurrará a inflação para baixo. Sanches ressalta, no entanto, que as decisões do BC têm um efeito defasado sobre a economia, e o horizonte relevante do Copom já está olhando mais para 2022, cujas expectativas de inflação seguem em cima da meta de 3,5%.

Aumento não deve afetar financiamento e crédito

Oliveira afirma que os impactos não serão significativos nos financiamentos ou tomadas de crédito. Isso, porque, a elevação será de 0,25 ou 0,50 ponto percentual ao ano. No entanto, as sucessivas altas que devem começar a ser anunciadas até o fim do ano vão pesar no bolso de quem tem um financiamento ou precisa de uma linha de crédito.

Série de quedas da Selic

O Copom começou a série de quedas consecutiva da Selic em setembro de 2019, quando passou de 6,5% ao ano em agosto daquele ano, para 6% ao ano em setembro. Desde então, a taxa básica de juros registrou quedas consecutivas até agosto de 2020, quando chegou a 2% ao ano. Nos meses seguintes, o Copom decidiu pela manutenção da taxa que segue a 2% ao ano até a próxima quarta-feira (17), quando deve ser anunciada a elevação.

Juro subiu em todas as linhas de crédito em fevereiro

A taxa de juros média geral para pessoa física apresentou uma elevação de 0,06 ponto percentual em fevereiro, representando 1,32 ponto percentual no ano, segundo pesquisa mensal da Anefac. De acordo com o levantamento, a taxa foi de 5,61% ao mês, o que significa 92,51% ao ano em janeiro deste ano para 5,67% ao mês totalizando 93,83% ao ano em fevereiro. Com isso, atingiu o patamar de maior taxa de juros desde abril de 2020.

 

Fonte: Correio do Povo.

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