O indispensável e necessário
Em meio a um contexto social de corre-corre e de ativismo, de ruídos e de tantas seduções é preciso refletir sobre a razão da existência humana. Na sociedade pós-moderna são muitas seduções que ocupam a vida. Qualquer pessoa que se ponha a pensar na essência do ser humano, com certa seriedade e serenidade, concorda que a nova cultura produziu condições para mudar o ritmo de vida das pessoas. No entanto, isto nos obriga a pensar no sentido da vida. Convenhamos que, a respeito do consumo exacerbado da nova cultura capitalista globalizada, não é exagero dizer que provocou mudanças de comportamento em todas as pessoas: crianças, jovens, adultos e idosos.
Na visão do teólogo espanhol José Maria Castillo (1929), a sociedade moderna é marcada por três acontecimentos com determinada influência no comportamento humano. Castillo aponta primeiro a quantidade e a rapidez da informação que circula em todo o mundo. Em questão de segundos interage-se com outro extremo do mundo pela internet, correio eletrônico e telefonia móvel. É uma conquista importantíssima de nosso tempo.
O segundo fato é a migração e a circulação de pessoas de um país ao outro, de um continente ao outro. É uma situação que ganhou contornos de problemática mundial com a crise econômica do sistema capitalista. O terceiro fato é o crescimento da violência em todas suas formas possíveis. Atos de terrorismo são organizados e praticados por grupos especializados no assunto. São cenas de violência que impõem pavor pela tamanha monstruosidade e bestialidade da ação humana.
O alcance de tais fatos produz um imaginário social em que ninguém está seguro. Em tudo isto há algo que assusta a sociedade moderna: quanto mais tecnologia, mais insegurança e mais frágil vê-se o ser humano. Diante desses acontecimentos, seguramente é preciso pensar numa sociedade alternativa com elementos de equilíbrio humano, social e global. As coisas que eram seguras ontem, hoje se tornaram inseguras, abaladas, inconsistentes.
É preciso dar um passo em direção a algo que assegure outro horizonte para a humanidade. E a direção é clara, até decisiva ao pressupor: a indagação pelo respeito ao direito à vida de todos; a indagação pela consolidação de valores comuns, como a paz, dignidade, preservação do planeta, harmonia mundial. Mais do que uma nova situação mundial, é o amor que se considera indispensável, inteiramente necessário, para assegurar o sagrado direito da vida do outro.
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