O criador precisa reconhecer sua própria nulidade
Quais são as dimensões que constituem a vida do ser humano? Aos gregos as dimensões constitutivas do ser humano são corpo e alma-intelecto. Para os cristãos são três: a dimensão física puramente animal – o corpo; a racional ou alma-intelecto; e a superior, divina e transcendente do Espírito. Na concepção cristã, o homem em si mesmo é mortal, a alma-intelecto torna-se imortal a medida que Deus lhe dá o seu Espírito e a pessoa se vincula ao Espírito e vive segundo o Espírito (Romanos 8,14). Esta é uma questão que ainda exige muita reflexão teológica e filosófica em nosso tempo.
Para esta reflexão teológica e filosófica desta questão, um texto bíblico iluminador é prologo do Evangelho de São João que fala do “Verbo” ou do “Logos” que estava com Deus e que se fez carne. E “tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito de tudo o que existe”. Ainda lemos que o “Verbo estava com Deus, que era vida, que se fez luz e carne que habitou entre nós e qual vimos sua graça, glória, verdade, plenitude da vida”. E João conclui dizendo “que ninguém jamais viu a Deus: o Filho unigênito, que está voltado para o seio do Pai, este o deu a conhecer” (João 1,1-18). Este texto é o mapa dos problemas fundamentais da teologia e filosofia, a iniciar pelo conceito do “Verbo” ou do “Logos” que permite recorrer a uma série de elementos do pensamento helênico, ou da cultura grega que foi se difundido pelo mundo ocidental, europeu, asiático e oriental.
O filósofo judeu Fílon de Alexandria, nascido entre 10 a 15 a.C., ao analisar o Pentateuco ou cinco primeiros livros da Bíblia, fez uma fusão entre a filosofia grega e teologia mosaica, criando uma filosofia mosaica. O método que ele usou foi o da “alegorese”, que faz a interpretação de um texto. O pensador sustenta que a Bíblia tem um significado literal, que não é o mais importante, e outro o oculto, o essencial para construir conceitos e verdades morais, espirituais e metafísicas. Nos Santos Padres da Igreja, a interpretação alegórica tornou-se um verdadeiro método de leitura da Bíblia. A filosofia mosaica de Fílon proporcionou a aquisição de uma série de novos conceitos até então desconhecidos pelos gregos, a começar pelo da “criação”. Fílon forneceu a primeira formulação do conceito da criação: “Deus cria a matéria do nada e depois imprime a forma sobre ela. Mas, para criar o mundo físico, Deus cria, antes dele, o cosmos inteligível, as Ideias, como “mundo ideal”. E esse cosmos inteligível, ideia platônica, tornou-se definitivamente pensamento de Deus presentes no “Logos” de Deus e que coincide com ele”.
No sentido bíblico o “Logos” de Fílon expressa as valências fundamentais da “Sabedoria” e da “Palavra de Deus”, ou a Palavra criadora e produtora. O “Logos” ou a “Palavra de Deus” também expressa o significado ético: a “Palavra de Deus é bem e guia para o bem”, ou a “Palavra de Deus salva”. Em todos esses significados o “Logos” ou a “Palavra de Deus”, indica uma realidade incorpórea, ou a meta-sensível e transcendente. Deus que cria a matéria, o mundo sensível ou a realidade corpórea segundo o modo inteligível, ou pelo “Logos”. O “Logos” é ação incorpórea sobre o mundo, portanto, a Palavra de Deus é o vínculo que mantem unido o mundo, o princípio que conserva e a norma que governa.
Na antropologia de Fílon aparece também elementos da filosofia grega, distinguindo a “alma” e o “corpo” no homem. Porém, Fílon em sua concepção faz surgir uma terceira dimensão, a ponto de transformar por inteiro o conceito de homem dos gregos, em que a “alma” e “corpo”, está totalmente atrelado a terceira dimensão: 1) corpo, 2) alma-intelecto e 3) Espírito proveniente de Deus. Em sua concepção, o intelecto humano é corruptível, porque o intelecto está vinculado ao mundo corpóreo ou terreno. E para sua não corrupção é preciso que Deus inspire nele “uma força de verdadeira vida” que é o Espírito divino ou pneuma. Logo, a alma humana, o intelecto humano, seria muito pobre se Deus não soprasse o seu Espírito ou pneuma (Gênesis 2,7).
Segundo estudo realizado pela consultoria MB Associados aponta que o Brasil teria mais R$ 1,8 trilhão em seu Produto Interno Bruto, se tivesse mantida a média de crescimento anterior a 2014, ano em que a Operação Lava Jato e o Congresso Nacional começaram a golpear o governo federal. O estudo conclui dizendo se a presidente Dilma Rousseff tivesse concluindo seu segundo mandato e entregado o cargo a um sucessor legitimamente eleito, os brasileiros estariam hoje 27% mais ricos. Em outras palavras, o povo brasileiro ainda paga o preço da Operação Lava Jato, que não só destruiu a democracia que levou ao golpe parlamentar em 2016, como também a economia. Infelizmente, os números expõem a realidade tal como é para os brasileiros. Logo, é preciso reconhecer a nulidade de certas operações humanas e políticas. Os cálculos são da MB Associados, que comparou a expansão real do PIB acumulada de 2014 a 2020.
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