Não sou mais a mesma
Passava minha mão sobre as páginas recém-lidas do livro A Bailarina de Auschwitz, de Edith Eva Eger, e as lágrimas mais uma vez rolavam, numa avalanche de emoções... muitas vezes, durante a leitura, parei para chorar... parei para mais uma vez tentar libertar a dor não compreendida de um tempo difícil para a humanidade, de olhares confusos e distorcidos que envolveram esse tempo.
Esse sentimento já me acompanhava há muito tempo, mesmo disfarçando, mesmo não querendo ver, mesmo não querendo entender ou realmente lá no fundo não compreendendo mesmo, pois permanecia mitigado pela obscuridade que me envolvia.
Lembro-me da passagem que dizia: “Talvez a cura não signifique apagar a cicatriz, ou mesmo fazer a cicatriz. Curar é cuidar da ferida.” Percebo o quanto tentamos curar essa cicatriz. Fecho os olhos e escuto meu passado. Ele bate na porta procurando vida, integração. Cada um de nós escuta em algum momento as lamentações do seu passado, nem todos conseguem procurar a vida...
Como compreender?
Durante a leitura aplaudi sozinha, torci sozinha, chorei sozinha. Senti o desamparo da humanidade que era empurrada para a morte, ou para uma triste morte em vida. Aliás, sozinha não, com muitos seres que viveram essa perda e que nos esconderijos da morte ou da vida se ligaram a essa dor; com muitos que a visitam de vez em quando; com outros tantos que ainda procuram respostas. Mas, principalmente, com os que acolheram a sua própria dor...
Sim, os livros mudam as pessoas. Alguns deles contém a essência do viver e nos fazem ir além dos nossos passos...
Não, não sou mais a mesma!
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