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Liberdade pós-moderna

Miguel Debiasi

Um elemento substancial que caracteriza a modernidade e pós-modernidade é a liberdade. Com a liberdade outros valores impulsionam a vida da sociedade e das pessoas em tempos modernos. Em novo período e contexto histórico, a liberdade está no epicentro dos valores. Daí que é preciso observar seu alcance e suas limitações.

Atualmente muitos teóricos caracterizam a pós-modernidade como uma nova fase da modernidade. Para José Luiz Sanfelice a pós-modernidade está ligada ao surgimento de uma sociedade pós-industrial, na qual o conhecimento torna-se a principal força econômica da produção. Objetivamente, compreende ser a pós-modernidade uma mudança geral na condição humana. Segundo Holgonsi Soares Gonçalves Siqueira o pós-moderno caracteriza-se por profundos desenvolvimentos e transformações no campo tecnológico, na produção econômica, na cultura, nas formas de sociabilidade, na vida política e cotidiana. Em nova realidade, o ser humano apropria-se de novas ideias imprescindíveis para a compreensão das atuais configurações humanas e sociais. Nos discursos dos filósofos Jünger Habermas e Fredric Jameson o termo pós-modernidade expressa uma cultura de globalização e sua ideologia neoliberal. Para ambos, a base material da pós-modernidade é a globalização econômica levando implicações às sociedades e aos sujeitos. Logo, definir o novo período em contexto histórico de pós-modernidade abre um leque de discussões sob os mais plurais pensamentos e ideias.

Qualquer que seja a apreciação dos novos tempos que mereça a denominação de pós-moderno, trata-se de uma época nova na qual os valores são outros e distintos. São valores que não podem ser comparados aos de outros tempos e de culturas anteriores. Porém, para o teólogo José Comblin a época de pós-modernidade caracteriza-se pela liberdade individual e imediata. Segundo ele, é a liberdade de viver, a liberdade do corpo, a liberdade de gozar a vida presente, enquanto na modernidade o sentido de liberdade era coletivo, universal e abstrato.

Em contrapartida, na pós-modernidade ninguém mais morre por defender uma verdade, uma ideologia, um bem coletivo. A pós-modernidade vive o drama da liberdade que está ao alcance apenas da minoria, enquanto a maioria da população é submetida diariamente aos interesses da globalização da economia, da produção e do consumo da ideologia neoliberal. Isto é, o indivíduo está aquém de aproveitar os benefícios do progresso e do desenvolvimento. Em suma, conforme os teóricos citados, os novos tempos do pós-moderno são de gozo para poucos e de sacrifício para a maioria. Neste aspecto é preciso rever o sentido de liberdade para uma maior sociabilidade dos recursos e condições materiais.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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